Uma longa fila começou a formar-se pela manhã e continuou a crescer do lado de fora da igreja The Fountain of Praise, no sul de Houston. Vários dos presentes na igreja vinham do bairro Third Ward, de Houston, onde o afro-americano de 46 anos cresceu.
A morte de Floyd por um polícia, que o asfixiou pressionando o joelho sobre o seu pescoço, gerou uma onda de indignação e protestos antirracistas em todo o país e em várias partes do mundo.
Alguns vestiam camisolas com a frase "I can't breathe" ("Não consigo respirar"), as últimas palavras de Floyd. Outros ergueram os punhos junto ao caixão, como símbolo do poder negro e de solidariedade.
As pessoas presentes no funeral precisaram de usar máscaras dentro da igreja e só puderam permanecer por alguns momentos em frente ao caixão aberto, segundo as regras impostas pela pandemia do novo coronavírus, ainda em curso.
Kelvin Sherrod, de 41 anos, chegou acompanhado da esposa e dos seus dois filhos, de 8 e 9 anos. Todos vestiam camisolas pretas com as últimas palavras de Floyd estampadas.
Apesar de tanta dor, Sherrod disse sentir-se contente ao ver tanta afluência. "Isto está a unir-nos como país, não pela cor da nossa pele", disse.
Candice Qualls, também presente, destacou esta unidade. "É tempo de mudança e de superar a opressão, a violência policial e o racismo", acrescentou.
No meio dos presentes, a maioria negros, brancos também quiseram passar uma mensagem de solidariedade e unidade.
Sarah Frazzell, de 33 anos, participou no serviço fúnebre com outras cinco amigas, e duas delas levaram flores para "apoiar a família [de Floyd] e a comunidade".
Para ela, o volume do público é significativo porque as pessoas estão a mostrar aos Estados Unidos que um caso como o de Floyd "não está correto".
Floyd é o caso mais recente de uma lista de mortes nas mãos da polícia nos últimos anos, óbitos que na maioria correspondem a homens negros e desarmados.
O chefe da polícia de Houston, Art Acevedo, que chegou para cumprimentar a família de Floyd, admitiu que é preciso "muito trabalho" para acabar com a falta de confiança mútua entre a polícia e a comunidade negra.
Longe da multidão, sentado numa cadeira de campismo e com uma sombrinha para se proteger do sol, Zachary Daniels, de 56 anos, disse que tem dúvidas de que as pessoas mudem o seu parecer sobre a polícia a curto prazo.
"A pergunta é se [esta forma de pensar] continuará por seis meses ou [se] estaremos aqui mais uma vez para saudar outra vida negra", acrescentou.
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