O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o candidato democrata à presidência Joe Biden competiram pelas audiências televisivas na noite de quinta-feira, respondendo a perguntas de eleitores em emissoras diferentes. Joe Biden respondeu às questões dos eleitores na ABC News, em Filadélfia, num programa moderado por George Stephanopoulos. Já Donald Trump marcou presença nos estúdios da NBC, em Miami, no programa transmitido também pela MSNBC e CNBC, com a moderação de Savannah Guthrie.
Os programas town hall substituíram o debate que deveria ocorrer em Miami, na Flórida, contudo, o evento foi cancelado depois de Donald Trump ter testado positivo para a covid-19 e ter recusado a participação no debate em formato virtual.
Savannah Guthrie pressionou o presidente norte-americano com questões sobre as suas dívidas, ações em relação ao coronavírus e, ainda, sobre o movimento que é acusado de propagar teorias da conspiração de direita, QAnon.
A moderadora tem sido elogiada nas redes sociais por ter verificado as afirmações de Trump em tempo real, durante o debate, e por ter refutado a sua retórica, normalmente incontestada, noticia o Guardian.
Logo no início da transmissão, Savannah Guthrie perguntou várias vezes a Donald Trump se tinha sido testado e se recebeu o resultado negativo para a covid-19 no dia do primeiro debate contra Biden. Trump não respondeu diretamente, afirmando que realiza testes com frequência, mas sem confirmar se tinha sido testado naquele dia ou quando teria recebido o último teste negativo. "Possivelmente fiz", respondeu o presidente.
Sobre a adoção de uma estratégia de confinamento por parte de alguns Estados, Trump reiterou que “a cura não deveria ser pior do que a doença”.
Depois de Trump ter afirmado que os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças tinham descoberto que "85% das pessoas que usam máscara apanham [coronavírus]", Guthrie corrigiu o presidente, explicando que não era isso que o inquérito dizia. O inquérito referia que, de um grupo de 150 infetados com covid-19, 85% afirmavam que tinham usado uma máscara.
No que diz respeito à aceitação dos resultados das eleições de novembro, Trump afirmou que aceitaria uma “transferência pacífica”, mas que queria que fosse “uma eleição honesta”.
Guthrie questionou o republicano sobre o QAnon (um movimento online ligado à extrema-direita que o FBI acredita ser uma potencial ameaça terrorista), mas o presidente disse que não sabia nada sobre o grupo. Sem desviar o tema, a moderadora sugeriu a Trump que ele teria conhecimento sobre a teoria da conspiração, que foi bastante divulgada na imprensa e que teve apoio de muitos dos seus apoiantes. Em resposta, o presidente dos Estados Unidos referiu que o que “ouvia” sobre estes é que “são fortemente contra a pedofilia”.
Trump continuou sem condenar o QAnon, depois de esta semana ter partilhado uma publicação de uma conta de QAnon no Twitter que afirmava, sem qualquer fundamento, que Joe Biden tinha mandado matar uma equipa de Seals da Marinha. Guthrie confrontou Trump com a partilha, que, por sua vez, argumentou que foi apenas “um retweet” e que “as pessoas podem decidir por si próprias”.
Em resposta à moderadora da NBC, Trump voltou ainda a desviar a resposta sobre a reportagem de investigação do New York Times – que apontou ao presidente dos Estados Unidos uma dívida de 421 milhões de dólares (mais de 358 milhões de euros ao câmbio atual) – e alegou que devia “uma quantidade muito pequena de dinheiro” e que o valor em dívida seria “uma percentagem minúscula” do seu “património líquido”.
Após a transmissão, o diretor de comunicações de Trump emitiu uma declaração saudando o desempenho de Trump e acusando Savannah Guthrie de ser o “substituto” de Joe Biden.
Já em Filadélfia, com o ABC News, Biden apelou a uma resposta nacional muito mais robusta à covid-19, salientando que o presidente tinha perdido “enormes oportunidades e continuou a dizer coisas que não eram verdadeiras” e que tinha sido “informado de como este vírus era perigoso”.
O ex-vice-presidente recusou-se a declarar novamente a sua posição sobre o tribunal, mas afirmou ao moderador George Stephanopoulos que, anteriormente, se tinha oposto à ideia de acrescentar juízes adicionais ao tribunal. Deixou, contudo, a porta aberta para mudar de ideias, dependendo da forma como os republicanos do Senado lidassem com a confirmação da nomeção de Amy Coney Barrett nas próximas semanas.
Questionado sobre o seu papel como autor do projeto de lei sobre o crime de 1994, e o impacto que teve nas detenções em massa, Biden admitiu que os seus elementos eram um "erro", mas argumentou que as condições tinham mudado "drasticamente" desde que a lei foi aprovada.
O candidato democrata foi questionado por uma mãe sobre o que faria para proteger os direitos LGBTQ+, mas respondeu que apenas iria “mudar a lei”, assegurando que, no caso de uma administração Biden, trabalharia para assegurar que tivessem os mesmos direitos e oportunidades.
A um eleitor que o interrogou sobre a possibilidade de restaurar "a cortesia e a honra" na política americana, Biden respondeu que, caso fosse eleito, primeiro, iria “chamar os republicanos” para conversar, relembrando que, durante os mais de 35 anos como senador, foi conhecido pela capacidade de dialogar com o partido rival.
Antes das eleições de 3 de novembro, os candidatos Donald Trump e Joe Biden têm ainda um debate marcado para 22 de outubro, em Nashville, Tennessee, com mediação de Kristen Welker, da NBC News.
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