“Falei na noite de segunda-feira com (o Presidente norte-americano, Donald) Trump por telefone. Disse-me abertamente que se irá retirar completamente da Síria e que a luta contra o que resta do Estado Islâmico (EI) ficará nas mãos da Turquia”, afirmou Erdogan, num discurso transmitido pelo canal de televisão CNNTurk.
Erdogan também declarou que o Presidente norte-americano referiu o estabelecimento de uma zona de segurança de 32 quilómetros de largura ao longo da fronteira entre a Turquia e a Síria, que seria controlada por Ancara.
Esta zona de segurança, que é defendida pela Turquia há muitos anos, visa separar a fronteira turca e as posições no norte da síria da milícia curda Unidades de Proteção Popular (YGP).
Esta milícia curda é apoiada por Washington contra o grupo Estado Islâmico (EI), mas Ancara considera as YPG como um grupo "terrorista" e intimamente ligada à Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que realiza guerrilha sangrenta em solo turco há mais de 30 anos de idade.
A Turquia tem repetidamente ameaçado, nas últimas semanas, lançar uma nova ofensiva contra as YPG para evitar a formação, na sua fronteira, de um Estado curdo embrionário que poderia encorajar separatistas curdos na Turquia.
As divergências em relação às YPG entre a Turquia e os Estados Unidos, dois aliados dentro da NATO, contribuíram para estremecer as suas relações durante dois anos.
A Turquia saudou a decisão anunciada no mês passado por Trump de retirar as tropas norte-americanas da Síria.
Mais tarde, Ancara reagiu fortemente às declarações de funcionários norte-americanos de que os Estados Unidos planeavam condicionar a retirada das tropas norte-americanas à segurança dos combatentes curdos.
No domingo Trump ameaçou "devastar" a economia da Turquia se esta atacasse os combatentes curdos.
Erdogan, que falava hoje diante do seu grupo parlamentar em Ancara, disse estar convencido de que havia conseguido "um entendimento mútuo de significado histórico" com Trump durante a conversa telefónica no dia anterior.
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