O ministro ucraniano das Infraestruturas, Oleksandr Kubrakov, publicou na sua conta do Twitter uma fotografia do cargueiro “Ikaria Angel” que, segundo ele, deveria zarpar hoje carregado com 40.000 toneladas de cereais, como parte do programa alimentar global da ONU.
“Este alimento foi destinado à Etiópia, que está à beira da fome, mas, devido ao bloqueio da Rússia ao ‘corredor de cereais’, a exportação é impossível”, referiu.
O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, disse que a retirada da Rússia do acordo levou ao bloqueio de 176 navios que já tinham saído dos portos ucranianos no Mar Negro.
Segundo Kuleba, a sua carga totaliza dois milhões de toneladas de cereais, o suficiente para alimentar sete milhões de pessoas.
O ministro ucraniano acrescentou que este estrangulamento surgiu porque já em setembro a Rússia começou deliberadamente a abrandar o funcionamento do corredor, a fim de dificultar o acordo alcançado sob os auspícios da Turquia e das Nações Unidas.
“A Rússia decidiu há muito tempo retomar os seus jogos da fome e está agora a tentar justificá-lo”, disse o chefe da diplomacia ucraniana na sua conta do Twitter.
Kuleba chamou ao argumento de Moscovo a suspensão do acordo devido ao ataque de ontem à sua frota no porto de Sebastopol, que fica a 220 quilómetros do corredor, um “pretexto”.
A iniciativa de permitir o desbloqueio das exportações de cereais ucranianos dos portos de Odessa, Chornomorsk e Pivdenny foi assinada a 22 de julho em Istambul, na Turquia, e deveria expirar a 22 de novembro.
O Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, instou hoje a Rússia a “inverter” a sua decisão e a preservar o pacto de exportação de cereais.
Também o Governo espanhol exortou a Rússia a manter o acordo indireto com a Ucrânia para permitir a exportação de cereais dos portos ucranianos durante a guerra, de modo a não agravar a crise de segurança alimentar.
O ministro espanhol da Agricultura, Pescas e Alimentação, Luis Planas, chamou “lamentável” à decisão de Moscovo e acusou o país de “querer manter aberta a frente da guerra alimentar” e “provocar a fome e a insegurança nos países menos desenvolvidos”.
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