A comissão organizadora da Queima das Fitas de Coimbra anunciou na quarta-feira o cancelamento da serenata monumental para a Sé Nova, depois de a Secção de Fado se ter recusado a tocar naquele local e de a PSP ter feito exigências de medidas de segurança para a Sé Velha que seriam impossíveis de cumprir a tempo de um dos momentos mais marcantes da festa dos estudantes.
Ao longo dos últimos dias, foram várias as mudanças associadas à serenata monumental.
Na segunda-feira, a Queima das Fitas anunciava o evento na Sé Nova (por impossibilidade de assegurar as condições exigidas pela PSP para a Sé Velha) e, em reação a essa decisão, a Secção de Fado afirmou que só aceitava tocar na Sé Velha (é esta secção cultural da Associação Académica de Coimbra a responsável por definir os grupos que tocam na serenata).
Na terça-feira, deu entrada um pedido de manifestação por parte de estudantes para o Largo da Sé Velha, por forma a contornar o parecer negativo da PSP; e, na quarta-feira, goradas as tentativas de assegurar a serenata na Sé Nova, a comissão organizadora anunciou o cancelamento do evento.
Hoje, a cinco horas da realização da serenata, a PSP afirmou à agência Lusa que comunicou à Câmara de Coimbra “o parecer de que a manifestação se deveria realizar noutro local, por forma a garantir a segurança de todos os intervenientes”.
No entanto, o presidente da Secção de Fado, Diogo Ferreira, disse à Lusa que, até às 18:30, não tinha recebido qualquer notificação por parte da PSP e que iriam avançar “com a manifestação”.
“Não temos conhecimento de qualquer decisão em sentido contrário”, acrescentou.
Fonte oficial da Câmara de Coimbra explicou que o município recebeu hoje o parecer da PSP para notificar os três promotores da manifestação, mas “é expectável que estes não o recebam antes” da hora marcada para a serenata, isto porque os contactos deixados pelos promotores foram as suas moradas, “todas elas fora de Coimbra”.
A Secção de Fado fez o pedido de manifestação das 23:00 de hoje até às 00:30 de sexta-feira, querendo, dessa forma, garantir a realização da serenata no Largo da Sé Velha, o local onde tradicionalmente esta se realiza.
“De forma pacífica, ordeira e serena, vamos deslocar-nos até lá, sentamo-nos nos degraus da escadaria e vamos tocar até à meia-noite e meia. Temos o direito de nos manifestarmos”, vincou Diogo Ferreira.
Para o presidente da Secção de Fado, a Sé Velha sempre foi o local associado à serenata, havendo uma importância histórica daquele largo que é fundamental preservar, na sua perspetiva.
“A nossa ideia é fazer a serenata à antiga, aproveitando a acústica do espaço e confiando nos estudantes para manter o silêncio”, acrescentou.
Na resposta à Lusa, a PSP considerou que os riscos que se pretendiam mitigar com a mudança da serenata para a Sé Nova ficam “agora mais evidentes”, com o pedido de manifestação, “na medida em que se perspetiva a presença de um número maior de público e sem a estrutura de socorro e segurança que seria implementada, nem a possibilidade de criação de corredores de emergência”.
“Independentemente da solução adotada pelos promotores que assumiram a responsabilidade pelo evento e suas consequências, a PSP adequará o seu dispositivo e adotará as medidas preventivas e de reação possíveis nestas circunstâncias, tendo presente a necessidade de tentar conciliar todos os direitos em conflito”, aclarou.
Também a Câmara assumiu uma “grande preocupação com a segurança deste evento e, nesse sentido, foi preparado um dispositivo de reforço para garantir qualquer eventualidade, uma vez que o dispositivo preparado para a Sé Nova tinha sido cancelado”.
Segundo o secretário-geral da Queima das Fitas, Carlos Missel, a organização procurou dar sempre resposta às exigências que eram pedidas pela PSP para assegurar a serenata na Sé Velha, mas as últimas medidas pedidas, já na segunda-feira, pela Polícia, não poderiam ser asseguradas a tempo do evento.
“A PSP exigia a retirada dos pinos de segurança, mas precisaríamos de um empreiteiro certificado para o efeito, entre outras questões. Ao mesmo tempo, todas as entidades precisavam de uma resposta na segunda-feira sobre se haveria ou não serenata e onde, como a Cruz Vermelha, a segurança privada e a própria PSP e não poderiam esperar mais tempo”, explicou à Lusa o responsável.
Apesar de todas as complicações, a Secção de Fado espera realizar hoje a serenata, no seu local habitual, e cantar a “Balada de Despedida”.
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