"A decisão do Governo espanhol, além da dimensão diplomática de evidente falta de diálogo, está ferida pela suspeita de que antecipa deliberadamente a transposição da nova diretiva sobre o setor que Espanha deverá transpor até agosto do próximo ano e que é mais exigente em termos de normas de segurança e supervisão europeia", afirma o eurodeputado socialista em nota de imprensa enviada hoje à agência Lusa.

O Governo espanhol deu luz verde à construção do armazém para resíduos nucleares na central de Almaraz, localizada a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, através de uma resolução da Direção-Geral de Política Energética e Minas do Ministério da Energia.

De acordo com o Boletim Oficial do Estado (BOE), divulgado na quarta-feira, que reporta a resolução de 14 de dezembro de 2016, da Direção-Geral de Política Energética e Minas, "autoriza a execução e montagem da modificação do desenho correspondente ao Armazém Temporário Individualizado da Central Nuclear Almaraz, Unidades I e II".

O eurodeputado português sublinha que já havia alertado a Comissão Europeia para os problemas que se levantavam com a construção deste armazém de resíduos, "que visam prolongar a vida útil da central nuclear de Almaraz" e que vai questionar a Comissão Europeia sobre o procedimento de Espanha.

A funcionar desde o início da década de 1980, a central está situada junto ao Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.