“A Ucrânia prevalecerá porque os ucranianos não vacilarão nem recuarão. E porque a Europa e os seus parceiros e aliados se manterão firmes. Estamos a aumentar o nosso apoio militar e iremos recorrer a aquisições conjuntas para fornecer material militar urgente à Ucrânia, designadamente munições de 155 milímetros. Estamos a trabalhar com a nossa indústria de defesa para aumentar a produção destas munições e outros equipamentos necessários às forças ucranianas”, disse a presidente do executivo comunitário.
Von der Leyen falava em Tallin numa conferência de imprensa conjunta com a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, e com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, juntos para assinalar o aniversário da independência da Estónia, mas também o primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia.
Dirigindo-se à primeira-ministra da Estónia, país báltico que avançou recentemente com a proposta de uma dotação de quatro mil milhões de euros dos Estados-membros ao Mecanismo Europeu de Apoio à Paz para a compra conjunta de munições para fornecer a Kiev, Von der Leyen garantiu-lhe que o seu apelo foi escutado e será atendido.
“Cara Kaja, trouxe-nos a atenção para esta questão, e com razão, no último Conselho Europeu [09 de fevereiro], e nós vamos tomar medidas”, assegurou a dirigente alemã.
Uma decisão política poderá ser tomada na reunião informal de ministros da Defesa da UE agendada para 07 e 08 de março em Estocolmo, na qual o Alto Representante para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, apresentará propostas concretas aos 27, depois de o assunto já ter sido abordado no início desta semana em Bruxelas ao nível dos chefes de diplomacia.
A primeira-ministra estónia reiterou a importância de aumentar o apoio militar à Ucrânia para ajudar um povo que mostra “uma coragem sem precedentes” a resistir à agressão russa.
“O mundo livre precisa de mostrar a mesma coragem e apoiar a Ucrânia até o último soldado russo ter deixado a Ucrânia. A Ucrânia tem de vencer e, para isso, temos de acreditar na vitória da Ucrânia. A Ucrânia precisa de armas e munições para ganhar a guerra. Por isso, propus que os Estados-membros avancem para a compra conjunta de munições”, declarou, recordando que as aquisições conjuntas na UE revelaram-se um sucesso com as vacinas durante a pandemia da covid-19, e devem ser replicadas agora com munições para a Ucrânia.
“Temos de ter em mente que a ameaça colocada pela Rússia é de longo prazo. Não podemos ter medo das táticas de terror da Rússia. A Ucrânia e os outros vizinhos da Rússia não têm medo, então por que haveriam os outros países de ter?”, questionou.
O secretário-geral da NATO reafirmou que o Presidente russo, Vladimir Putin, “não está a preparar-se para a paz, mas sim para mais guerra”, pelo que é preciso “dar à Ucrânia aquilo de que precisam para prevalecer”.
“Alguns receiam que o nosso apoio à Ucrânia possa levar a uma escalada. Mas não há opções livres de risco, e o maior risco de todos é se o Presidente Putin ganhar, porque a mensagem para ele e para outros líderes autoritários seria que podem usar a força para terem o que querem”, algo que “tornaria o mundo mais perigoso”, sustentou.
“Por isso, apoiar a Ucrânia não é apenas a ação certa a tomar em termos morais, é também do nosso interesse a nível de segurança. Daí, o apoio sem precedentes que tem sido prestado pelos Aliados, trabalhando lado a lado com a UE”, disse Jens Stoltenberg.
Na sua intervenção, a presidente da Comissão enfatizou a necessidade de reforçar o apoio militar à Ucrânia porque “Putin está a enviar centenas de milhares de jovens russos como carne para canhão para as trincheiras da Ucrânia”.
“O que vimos e ouvimos esta semana de Moscovo diz-nos que, à medida que as perdas aumentam no campo de batalha, também aumenta o desespero, a ilusão e a desinformação, o que mostra a pressão sob a qual o Kremlin está. Mas também mostra perigos renovados para a Ucrânia, pelo que é necessário dar à Ucrânia os meios de que necessita, até a Rússia deixar a Ucrânia”, defendeu.
Von der Leyen prometeu que, além do “apoio financeiro, económico e militar”, a UE e os seus aliados continuarão a “aumentar a pressão sobre a Rússia”, e congratulou-se com o resultado da votação de quinta-feira nas Nações Unidas, que, defendeu, “diz muito, pois 141 países votaram a favor da resolução a condenar a Rússia” pela agressão iniciada há um ano.
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