Nem todos os deputados portugueses ao Parlamento Europeu (PE) quiseram atribuir-se uma nota, no exercício proposto pelos correspondentes portugueses em Bruxelas durante a sessão plenária de abril, mas aqueles que o fizeram coincidiram, maioritariamente, no 18.
Os sociais-democratas José Manuel Fernandes, Carlos Coelho, Cláudia Aguiar e Sofia Ribeiro apontaram o 18, uma nota que segundo esta última representa já a entrada “num padrão de excelência”, para resumirem o seu trabalho na assembleia europeia nos últimos cinco anos, um valor também sugerido por Paulo Rangel o cabeça de lista do PSD às eleições europeias.
“[Autoavaliar-me] é uma coisa um pouco difícil, é um exercício à professor Marcelo [Rebelo de Sousa], mas eu daria um 17 ou um 18, sem dúvida alguma. Sou uma pessoa bastante exigente, e a poucos alunos daria essas notas, portanto seria uma nota bastante boa”, indicou Rangel, também vice-presidente do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu, a maior família política europeia.
O 17 foi a nota escolhida também pela socialista Ana Gomes para classificar o seu último mandato no PE, por ter trabalhado “em prol da Europa e em dos interesses do povo português”, enquanto a sua companheira na delegação do PS Maria João Rodrigues hesitou entre “o 15 e o 16”, um valor motivado, nomeadamente, pelo seu papel enquanto vice-presidente secretária parlamentar dos Socialistas e Democratas, “um grupo muito grande que chegou a ter 190 deputados de 28 Estados-membros”.
Nos extremos, entre aqueles que se autoavaliaram quantitativamente, ficaram Nuno Melo e Manuel dos Santos: enquanto o único representante do CDS-PP se considera merecedor da nota máxima, “sem falsa modéstia”, por ter, sozinho, conseguido estar a par e, por vezes, até superar o trabalho dos outros grupos políticos, o socialista ficou-se por um modesto 12, justificado por só ter cumprido três dos cinco anos de mandato, depois de ter voltado ao PE para substituir Elisa Ferreira, que saiu para a administração do Banco de Portugal.
Apesar de não ter indicado uma nota entre 0 e 20 para descrever o seu mandato, Carlos Zorrinho também elegeu números para corroborar o seu desempenho “bastante acima da média” nas áreas (energia e digital) em que trabalhou: “É acima dos 80%, pelo menos nos 20% melhores”.
“Não gosto de autoavaliar-me, mas se eu fosse um observador externo, entre 0 e 20, ia para uma nota «muito bom», não quero dizer em termos quantitativos, mas qualitativos. Acho que seria bastante bom, muito bom talvez. Não vou dizer excelente porque excelente é um 20”, analisou José Inácio Faria, do Partido da Terra.
Já Fernando Ruas (PSD) admite que, “possivelmente”, não terá sido “dos deputados mais brilhantes”, mas que cumpriu os objetivos, tal como Liliana Rodrigues (PS), para quem “seria de muito mau gosto atribuir uma nota quantitativa”.
“Era o que mais faltava eu ir agora fazer uma avaliação de mim próprio. Os portugueses julgarão”, argumentou o socialista Pedro Silva Pereira, antes de esclarecer que não tem “obsessão com as notas que se atribuem” e que importante é o trabalho que realizou “em dossiers importantes, influentes para a agenda europeia e para os interesses de Portugal”.
Também o seu colega Francisco Assis rejeitou autoavaliar-se quantitativamente, confiando aos portugueses essa ponderação, uma opção distinta à de António Marinho e Pinto, do Partido Democrático Republicano, e de Ricardo Serrão Santos (PS), que remeteram o balanço dos seus mandatos para os ‘rankings’, numa alusão ao famoso (e polémico) «MEP Ranking», que os coloca, respetivamente, na terceira e quinta posições entre os 21 eurodeputados nacionais.
Em nome do PCP, e consequentemente dos colegas João Pimenta Lopes e Miguel Viegas, João Ferreira preferiu destacar o desempenho “pelo seu todo” dos comunistas no PE, considerando o seu contributo “claramente diferenciador”, uma toada seguida por Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, que também estima ter feito “a diferença”.
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