Estas críticas foram trocadas num debate da TVI sobre eleições europeias, o qual contou também com a participação dos cabeças-de-lista da CDU, João Ferreira, do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, e do PDR (Partido Democrático Republicano), Marinho Pinto.
Este debate foi marcado por escassa discussão aprofundada de temas europeus e por vários momentos de tensão entre os diferentes cabeças-de-lista, com destaque para momentos que envolveram Paulo Rangel, Nuno Melo e Pedro Marques, mas, também, já no final, João Ferreira, Marisa Matias e, de novo, Nuno Melo. Um clima que levou Marinho e Pinto a "protestar contra a teatralização e as encenações destes candidatos".
Paulo Rangel e Nuno Melo visaram sobretudo Pedro Marques, quer por ter sido secretário de Estado seis anos de governos de José Sócrates, que "conduziram o país à bancarrota" em 2011, sem nunca se ter "retratado" desse passado político, quer por ter estado diretamente envolvido na execução do Portugal 2020 e nas negociações do próximo quadro comunitário de apoio já neste executivo de António Costa.
Os cabeças-de-lista do PSD e do CDS-PP, em várias ocasiões, sustentaram que, por responsabilidade direta de Pedro Marques no atual Governo, só nos fundos de coesão, o país se arrisca a perder mais de 1.600 milhões de euros. Nesta questão, Nuno Melo procurou mesmo caracterizar Pedro Marques como o candidato das ‘fake news’.
Respondeu Pedro Marques que esse corte nos fundos de coesão "é falso", contrapondo que, a preços correntes, Portugal não terá qualquer diminuição de verbas.
O cabeça-de-lista do PS perguntou a Paulo Rangel se rasga o acordo Governo/PSD sobre fundos comunitários e levou para o debate o tema da crise política aberta pela possibilidade de o parlamento poder aprovar em breve a contabilização integral do tempo de serviço dos professores.
"A credibilidade do PSD vai pelo rio abaixo", comentou o ex-ministro socialista, numa alusão ao líder social-democrata, Rui Rio - isto, antes de Marisa Matias falar em números "martelados" pelo Governo nesta questão dos professores, de Paulo Rangel criticar a obsessão do PS com o PSD nestas eleições europeias e de Nuno Melo ter advogado a teoria de que o primeiro-ministro, António Costa, dramatizou com uma ameaça de demissão "por causa da prestação política do próprio candidato socialista Pedro Marques e para nacionalizar as eleições europeias".
Na série de ataques ao PS, Marinho e Pinto criticou a direção dos socialistas por não ter renovado as candidaturas ao Parlamento Europeu de Maria João Rodrigues e de Ricardo Serrão Santos, este último - disse - "substituído por um muchacho" escolhido pelo líder da bancada do PS, Carlos César.
Os cabeças-de-lista da CDU e do Bloco de Esquerda estiveram longe das discussões mais acesas ao longo de grande parte do debate, centrando as suas questões no combate à fraude fiscal e nas críticas à permissão de grandes empresas multinacionais fugirem legalmente aos impostos.
Marisa Matias chegou mesmo a protestar com o tom de Nuno Melo, Pedro Marques e Paulo Rangel, dizendo sentir-se "envergonhada" com o curso do debate, "porque não se está a respeitar quem está em casa".
Pouco depois, no entanto, envolveu-se numa picardia com João Ferreira, quando o cabeça-de-lista da CDU procurava fazer um balanço quantitativo do trabalho desenvolvido pelos três eurodeputados comunistas no Parlamento Europeu.
"Há quem trabalhe para os números e para as estatísticas", comentou a cabeça-de-lista bloquista, com o dirigente PCP a repudiar essa "insinuação".
"Não desvalorize o trabalho dos outros", reagiu João Ferreira, levando Marisa Matias a ripostar: "O PCP gosta imenso de atacar o Bloco".
Marisa Matias esteve ainda envolvida em outro momento tenso, quando se dirigiu ao cabeça-de-lista do CDS para negar que exista uma entidade europeia que cobre impostos, pedindo então "seriedade" na discussão.
Nuno Melo reagiu imediatamente: "Mas eu estou a falar seriamente ou acha [a Marisa Matias] que é a paladina da seriedade neste debate?".
Comentários