"Alberto Fujimori apresentou ao Ministério de Justiça um pedido de indulto. Este pedido tramitará conforme a constituição e a lei", escreveu neste sábado, na sua conta no Twitter, o presidente do Conselho de Ministros, Pedro Cateriano. O ministério esclareceu tudo logo que a solicitação foi apresentada na sexta-feira.

Os motivos ainda não foram detalhados, trata-se da segunda solicitação formal de indulto vinculada ao ex-governante. Em 2013, a família de Fujimori também realizou uma solicitação similar, mas o presidente Ollanta Humala rejeitou com base em um relatório médico que indicava que Fujimori, de 77 anos, não reunia as condições de gravidade para receber esse benefício.

Conceder indulto é uma faculdade presidencial, de acordo com a lei peruana. Na sexta-feira à noite, centenas de cidadãos marcharam no centro de Lima, capital do país, solicitando a liberdade de Fujimori, com os seus simpatizantes a lembrarem a luta de seu governo contra a guerrilha maoísta Sendero Luminso, que semeou o terror no Peru.

Nos três últimos anos, o ex-presidente deu entrada em repetidas ocasiões em clínicas locais, devido à sua hipertensão e a um tumor na língua, pelo qual já foi operado cinco vezes, e que requer uma avaliação periódica.

Após assumir a presidência em 1990, Fujimori fechou,dois anos depois, o Congresso, convocou uma Assembleia Constituinte e reabriu o Parlamento em 1995, assumindo o controle de todas as instituições do Estado. Nesse ano foi reeleito e em 2000, após uma nova reeleição, renunciou ao cargo no meio de um escândalo de compra de votos parlamentares e de linhas editoriais de meios de comunicação social.

Fujimori está na prisão desde 2007 e cumpre uma condenação de 25 anos por ser autor imediato do assassinato de 25 pessoas - casos La Cantuta e Barrios Altos - pelas mãos de um esquadrão da morte, durante a sua luta contra a guerrilha. Apesar de, no dia 5 de junho, a sua filha Keiko Fujimori ter perdido as eleições por uma margem curta, na segunda volta das eleições presidenciais contra o economista Pedro Pablo Kuczynski, o partido fujimorista Força Popular conseguiu a maioria absoluta no Congresso, com 73 das 130 cadeiras. A eleição polarizou o país. Kuczynski, que assumirá a presidência no dia 28 de julho, já adiantou que não dará o indulto ao ex-presidente, ainda que tenha se mostrado a favor de a bancada fujimorista apresentar um projeto de lei que permita a prisão domiciliar a presos com idade avançada e saúde frágil. Assegurou, também, que promulgaria essa norma.