Khan, destituído em abril por uma moção de censura parlamentar e substituído por Sharif, garantiu que o atual chefe de governo planeou o atentado em conjunto com o ministro do Interior, Rana Sanulah, e um alto oficial das forças armadas.

"Estes três homens decidiram matar-me", declarou Khan, no hospital onde se encontra a recuperar. O ex-governante também indicou que houve atiradores envolvidos no ataque.

O governo negou qualquer envolvimento e atribuiu a tentativa de assassinato a um agressor solitário motivado por extremismo religioso, ao passo que o exército disse que estas acusações eram "irresponsáveis e infundadas".

O ataque contra a comitiva de Khan causou uma vítima mortal e deixou pelo menos 10 feridos, aprofundando a crise política do Paquistão desde a queda do seu governo em abril.

Khan "está em condição estável e está bem" no hospital Shaukat Khanum da cidade de Lahore, no leste do país, informou o médico Faisal Sultan à AFP.

A ex-estrela internacional do críquete, de 70 anos, liderava uma caravana de Lahore até a capital Islamabad, para pedir eleições antecipadas, primeira etapa da sua aguardada tentativa de regresso ao poder.

Numa cadeira de rodas, com a perna direita engessada e a perna esquerda envolta em gaze, Khan falou por uma hora contra o governo e as elites. No entanto, o ex-governante não ofereceu provas do suposto envolvimento destes grupos supramencionados no seu atentado. O ministro do Interior disse que o ataque foi "um caso muito claro de extremismo religioso".

Num vídeo disponibilizado pela polícia, o suposto atirador reconhece que agiu porque Khan "enganava as pessoas" e porque estava irritado com o barulho da sua comitiva a atrapalhar a chamada para a mesquita.

A área do tiroteio em Wazirabad, a cerca de 170 quilómetros de Islamabad, permanece isolada e controlada por agentes da polícia, enquanto peritos forenses analisam a cena do crime.

No momento do ataque, Khan estava a olhar para a multidão reunida para a sua marcha, de onde vieram  as rajadas de balas. "As balas atingiram a minha perna e, quando caí, houve outra rajada", relatou aos repórteres.

"Eram dois homens. Se eles tivessem se sincronizado bem, não teria sobrevivido", continua, prometendo retomar a sua "longa marcha" para a capital assim que recuperar dos ferimentos.

O Paquistão enfrenta há várias décadas movimentos islamitas violentos que questionam a influência do poder central de Islamabad, tendo os assassinatos de políticos marcado a história contemporânea do país.

Em 2007, Benazir Bhutto, a primeira mulher da era moderna a governar um país muçulmano, foi assassinada num ataque cujos mentores nunca foram identificados.

Khan perdeu o cargo de primeiro-ministro em abril, após uma moção de censura na qual sofreu deserções de membros di seu partido, mas conserva um grande apoio entre a população.

Desde então, insiste que a sua queda foi uma "conspiração" planeada pelos Estados Unidos e critica de maneira veemente o governo do seu sucessor, Shehbaz Sharif.

Imran Khan chegou ao poder em 2018, após a vitória nas eleições legislativas do PTI, partido populista que mistura promessas de reformas sociais, conservadorismo religioso e luta contra a corrupção.