"Uma inversão do ciclo económico não vai fazer mais nada do que ampliar a pressão para o populismo, para o protecionismo e para um colapso sistémico e o regresso ao nacionalismo económico", afirmou o ex-secretário de Estado do Tesouro dos Estados Unidos (EUA) entre 1999 e 2001 (na presidência de Bill Clinton).

Num discurso que deu início ao Fórum do Banco Central Europeu (BCE), Lawrence H. Summers defendeu, por isso, que há "urgência em evitar, num futuro próximo e pelo máximo de tempo possível, outra crise económica", considerando que as consequências de uma nova recessão "vão inferiorizar e exceder largamente" as consequências associadas a uma inflação acima de 2%.

Nesse sentido, Lawrence H. Summers defendeu que os bancos centrais não devem estar apenas preocupados com a inflação (recorde-se que o BCE tem como meta uma inflação próxima, mas abaixo dos 2%).

"Uma política monetária responsável deve reconhecer os seus efeitos e o objetivo deve, por isso, ser o objetivo dos nossos cidadãos: estabilidade de preços, mas também o máximo emprego sustentável", afirmou.

Lawrence H. Summers, que também foi conselheiro económico do ex-Presidente norte-americano Barack Obama, afirmou que este será "um desafio cada vez maior" nos próximos anos.

Durante a sua intervenção, o professor emérito da Universidade de Harvard, considerou que a crise financeira de 2008 não levou a uma revisão de fundo da política monetária praticada pelos bancos centrais.

Anteriormente, o presidente do BCE, Mario Draghi, usou da palavra por poucos minutos para lançar a quarta edição do Fórum, que é dedicada à inflação e à fixação de salários nas economias avançadas.

Na sua curta intervenção, Mario Draghi abordou as "alterações estruturais profundas" que as economias têm experienciado nos últimos anos, sobretudo devido à digitalização.

"A digitalização aumentou a transparência e facilitou novos métodos de fixação de preços, mas também pode contribuir para a fragmentação do mercado de trabalho, influenciando a definição de salários", disse.