O número de execuções em 2023 é o mais elevado desde 2015 e marca um aumento de 48% em comparação com 2022, e de 172% em relação a 2021, segundo a AI, que fez um apelo à comunidade internacional para tomar medidas e pôr fim a esta "horrível" série de execuções.

Apenas em 2024 foram contabilizadas 95 execuções, acrescenta a nota. As autoridades iranianas "persistiram na sua onda de assassinatos autorizada pelo Estado que transformou as prisões em campos da morte", disse a Amnistia no relatório.

O Irão foi sacudido por uma série de manifestações que duraram meses após a morte, em setembro de 2022, da jovem curda iraniana Mahsa Amini, falecida após ser detida por não usar corretamente o véu.

A república islâmica já executou nove pessoas relacionadas a esses protestos, mas os grupos de defesa dos direitos humanos temem que as autoridades utilizem a pena capital em todos os delitos para incutir o medo.

"As autoridades iranianas reforçaram a pena de morte para propagar o medo na população e reforçar o controlo do poder, após o movimento de revolta 'Mulher, Vida, Liberdade'", acusou a Amnistia.

"Sem uma reação mundial firme, as autoridades iranianas vão sentir-se autorizadas a executar outras milhares de pessoas nos próximos anos, com total impunidade", declarou Diana Eltahawy, vice-diretora para o Médio Oriente da ONG, citada no texto.

Além de alertar sobre o "surpreendente aumento" das execuções relacionadas com estupfacientes, a AI denuncia que, entre as pessoas executadas, há "opositores e membros das minorias étnicas oprimidas".

As execuções no Irão normalmente são realizadas por enforcamento nas prisões, e às vezes em público.