No Regimento de Lanceiro N.º 2, na Amadora, a chuva intensa obrigou a reta final das demonstrações do ‘CELULEX 23’ a mudar-se do exterior para o interior, onde diversas entidades nacionais e agentes de proteção civil, entre elas a PSP, GNR ou o Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa, expuseram esta manhã alguns dos materiais utilizados.
O objetivo é testar a capacidade do Elemento de Defesa Biológica, Química e Radiológica do Exército Português, em coordenação com 14 entidades nacionais e agentes de proteção civil, na resposta a ameaças radiológicas, biológicas, químicas ou nucleares.
“Neste exercício criámos um cenário em que através de correspondência foram enviados agentes biológicos, químicos e radiológicos e que constituíam um perigo para a nossa sociedade”, explicou o tenente-coronel Milton Pais.
Além deste cenário, este tipo de ameaças pode ser encontrado em vários contextos, que vão desde possíveis atos de terrorismo a um cano que liberte um gás perigoso numa fábrica, detalhou o vice-chefe do Estado-Maior do Exército, tenente-general Xavier de Sousa.
Junto à exposição de material da Polícia de Segurança Pública (PSP) estava uma pequena caixa preta, com um ecrã eletrónico azul que simulava um engenho explosivo com uma contagem decrescente automática e uma mensagem ameaçadora: “Vais morrer que nem um cão”.
Segundo explicaram elementos da PSP, numa situação destas, pode ser utilizado um canhão de água, cuja velocidade é tão elevada que consegue quebrar fios elétricos ou até cortar uma pessoa, mas apenas se estiver excluída a presença de um agente biológico, químico ou radiológico. Se for esse o caso, a atuação tem de ser diferente, recorrendo a materiais de proteção individual e à recolha do produto para análise.
Segundo o vice-chefe do Estado-Maior do Exército, Portugal não se pode alhear da “incerteza das ameaças e dos riscos que decorrem delas”.
“Não podemos estar alheados do que acontece hoje em dia lá fora. A qualquer momento, nós, Portugal, este jardim que está aqui bem plantado no Atlântico, pode ser afetado. Esperemos que nunca seja”, afirmou.
O tenente-general – que fez um balanço bastante positivo deste exercício - salientou que apenas “trabalhando em sistema” entre as várias entidades, e conhecendo “as formas de atuar” é possível uma resposta eficaz.
Questionado sobre as dificuldades que as Forças Armadas atravessam no recrutamento e retenção de efetivos para as suas fileiras, o militar respondeu que o ramo “nunca deixará de cumprir as suas missões” e sublinhou que “a tutela está a fazer todo o possível para que as questões sejam resolvidas”, reconhecendo dificuldades.
Um dos exemplos nos quais estas técnicas contra ameaças biológicas, radiológicas ou químicas já foram utilizadas foi durante o período da pandemia de covid-19, recordou o tenente-coronel Milton Pais.
O militar lembrou que o Exército utilizou em 2020, em vários lares do país, um descontaminante que já tinha sido desenvolvido para outro tipo de bactérias “mais resistentes” e que foi posto em prática na pandemia.
Segundo o ramo, os efetivos civis e militares empenhados ao longo do exercício ascenderam a 120 e entre as entidades envolvidas estiveram a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, a Polícia Judiciária, o Ministério Público, a Agência Portuguesa do Ambiente, o Instituto Superior Técnico ou os Bombeiros Voluntários da Amadora, entre outras.
O ‘CELULEX 23’ teve início no dia 09 de outubro e termina na quarta-feira, dia 18.
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