Durante uma visita guiada aos jornalistas, a diretora do Arquivo de Macau (AM), Lau Fong, contou que para além do fundo documental do AM, esta exposição “Piratas nos Mares de Macau (1854-1935)” só foi possível ser feita através da consulta de jornais da época de língua portuguesa.
Pensa-se que em 1899 existiam cerca de 60.000 piratas nos mares circundantes de Macau, explicou.
O documento mais antigo é datado de 1844, em língua portuguesa, sobre “Ofícios dos comandantes da lancha Amazona, tenentes José Eduardo Scarnichia e João da Silva Carvalho tratando da “captura de piratas que infestavam o mar da China”.
Durante a exposição é possível ler testemunhos de pescadores assaltados, cartas de 1920 do secretário do Governo de Macau, documentos de comissários da Polícia de Macau, como Daniel Francisco Júnior, em 1916, sobre o assalto de sete piratas a uma embarcação, cartas de resgates e várias histórias sobre a pirataria nos jornais portugueses da época.
“Roubo audacioso: Cerca das 20 horas de segunda-feira passada, um grupo de mais de dez piratas efetuou o seu desembarque no porto Interior e foi assaltar uma tenda de cambistas, estacionada à porta de uma farmácia chinesa, na Rua do Almirante Sérgio, tendo conseguido, sem dificuldade de maior, levar mais de mil patacas”, pode ler-se num transcrito do jornal O Macaense, do dia 18 de julho de 1920.
Durante a visita, Lau Fong explicou ainda que dois acontecimentos, um em 1910 e outro em 1912 revelaram como Portugal e a China mantiveram o respeito pelos tratados assinados em torno da definição dos limites de Macau, através de uma expedição conjunta lusa-chinesa contra os piratas.
Em 1910, após um rapto de estudantes, as tropas portuguesas desembarcaram na ilha de Coloane. Registaram-se mortos dos dois lados, mas os portugueses conseguiram resgatar cerca de 26 crianças raptadas pelos piratas.
Em 1912, “depois de ações militares em Coloane [ilha de Macau], a atividade dos piratas continuou a fazer-se sentir em toda a região do Delta do Rio das Pérolas. Um ataque de piratas em ilhas próximas de Hong Kong desencadeou um conjunto de contactos entre governos de Cantão, Macau e Hong Kong, que culminaram com a realização de uma exposição militar de forças portuguesas e chinesas às ilhas da Montanha e D.João”, pode ler-se numa das telas da exposição.
A exposição sobre os primórdios da pirataria em Macau estará patente até 31 de janeiro de 2021.
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