“A Europa tem sido forçada a implementar os interesses dos Estados Unidos. Rejeitamos isso”, afirmou Tino Chrupalla em declarações publicadas pelo diário alemão Welt.

Segundo o dirigente partidário, “a NATO não é atualmente uma aliança de defesa. Uma comunidade de defesa deve aceitar e respeitar os interesses de todos os países europeus, incluindo os interesses da Rússia”.

“Se a NATO não é capaz de o fazer, a Alemanha deve perguntar-se até que ponto esta aliança ainda é útil para nós”, acrescentou.

O partido de extrema-direita tem entre 18% e 19% das intenções de voto nas sondagens que antecedem as eleições legislativas antecipadas previstas para 23 de fevereiro, na sequência da moção de confiança de segunda-feira, que deverá conduzir à dissolução do Bundestag [parlamento alemão].

Foi o próprio chanceler Olaf Scholz que deu luz verde a esta dissolução, ao apresentar o pedido de voto de confiança após a dissolução em novembro da sua coligação governamental.

O resultado da AfD coloca o partido à frente dos social-democratas de Olaf Scholz, cujas projeções variam entre os 16% e os 17%, e atrás do bloco conservador CDU-CSU, que lidera as sondagens com 31% a 32% das intenções de voto.

A AfD tem poucas hipóteses de formar governo, uma vez que os outros partidos excluíram qualquer cooperação com o partido de extrema-direita, embora este possa obter alguns sucessos eleitorais depois de uma vitória na Turíngia, uma das antigas regiões comunistas do leste da Alemanha.

O partido de extrema-direita criticou fortemente o apoio militar da Alemanha à Ucrânia e apelou a um rápido fim da guerra provocada pela Rússia em 2022.

“O governo alemão deve optar pelo final da guerra”, disse Chrupalla, cuja colega Alice Weidel encabeçará a lista do AfD como candidata do partido à chancelaria.

“A Rússia ganhou esta guerra. A realidade surpreendeu aqueles que afirmam querer tornar a Ucrânia capaz de vencer a guerra”, disse o político de extrema-direita.

O conflito na Ucrânia deverá ser um dos principais temas da campanha eleitoral. O chanceler Scholz prometeu um apoio duradouro à Ucrânia, mas aconselhou cautela, pois espera conquistar o voto pacifista, que é particularmente forte no leste da Alemanha.

O Chanceler tem resistido aos apelos para enviar mísseis de longo alcance que Kiev poderia utilizar para atacar o território russo, receando que a Alemanha possa ser arrastada para o conflito, e teve recentemente contactos diretos com o Presidente russo Vladimir Putin.