A falta de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados é a principal causa que leva a que várias centenas de pessoas continuem internadas nos hospitais portugueses, mesmo após terem alta. Há cerca de um mês, a 16 de março, de acordo com os dados da 6ª edição do Barómetro dos Internamentos Sociais a que o Público teve acess0, havia 1.048 pessoas que estavam internadas nos hospitais apesar de já terem recebido alta clínica, um aumento de 23% em relação ao período homólogo de 2021.

Naquele dia de março, estes internamentos indevidos representavam um total de 6,3% das pessoas internadas e traduziram-se em mais de 31 mil dias de internamento desadequado.

No entanto, e apesar da subida relativa ao ano passado, a média de dias por internamento inapropriado desceu 11%. Até agora, em 2022 foi de 29,9 dias.

Entre as regiões onde este tipo de casos acontece com mais frequência está a região de Lisboa e Vale do Tejo e o Norte. Juntos representam 81% dos internamentos indevidos.

Segundo o documento, estes resultados “são equiparáveis com outras edições anteriores” e “continuam muito associados à questão do envelhecimento”, com 76% destes episódios de internamento a registarem-se em utentes com idades acima dos 65 anos

"Esta é uma questão que nunca poderá ser só resolvida pelos hospitais”, diz ao jornal Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares que apela há existência de "uma estratégia conjunta" para o setor da Saúde e o setor Social.

“Os internamentos muito prolongados estão, por norma, mais associados aos internamentos sociais puros. Existem muitas pessoas à espera de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados, mas a demora média é mais baixa quando comparamos com as respostas das estruturas residenciais para idosos ou outras causas de índole social”, explica.

Um dado que também tem feito aumentar o número de dias de internamentos indevidos é a incapacidade de resposta familiar ou do cuidador. “As questões do envelhecimento e da actividade laboral das famílias cada vez mais vão ter impacto nesta resposta. É mesmo necessário contar com outras respostas estruturais", diz Alexandre Lourenço.

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