No sábado, 13 militares recusaram embarcar no navio da Marinha, para acompanhar passagem de navio russo, invocando falta de segurança da embarcação - desde a falta de "um sistema de esgoto adequado para armazenar os resíduos oleosos a bordo" à "avaria num dos motores".

A Marinha considerou que os operacionais "não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos".

O presidente da república afirmou ontem, terça-feira, que aguarda os resultados da investigação sobre o episódio dos militares, e defendeu um reforço da manutenção nas Forças Armadas.

O Governo autorizou a Marinha a proceder a uma despesa de 39 milhões de euros, entre 2023 e 2025, para adquirir serviços de manutenção de navios e "reparação e aquisição de sobressalentes".

Miguel Albuquerque, presidente do Governo da Madeira, considerou ontem que o episódio foi isolado. “As Forças Armadas não são um problema neste momento. É um episódio isolado e será suscetível de ser resolvido no foro interno militar”. Acrescentou que a população madeirense deve reconhecer na Força Aérea e na Marinha "um trabalho excecional".

Já o presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), considerou ontem que as anomalias do navio representavam "grave risco" para a tripulação. "Isto não foi uma crise no momento, foi fruto de muitas situações já vividas a bordo".

Gouveia e Melo referiu hoje a importância da disciplina, como "cola essencial" das Forças Armadas. "No dia em que formos indisciplinados, no dia em que não acreditarmos na linha de comando, no dia em que essa linha de comando é subvertida, nós ficamos sem Forças Armadas”, salientou.

Também o primeiro-ministro, António Costa, disse hoje que cabe ao chefe do Estado Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, assegurar a disciplina e a ordem nas suas forças. Já foi aberto um inquérito por parte do almirante, "a quem cumpre assegurar a disciplina, a ordem e a prontidão de todas as forças que estão sob seu comando". Assegurou que amanhã, quinta-feira, irá falar à guarnição, na Madeira.

O comandante do NRP Mondego pronunciou-se também hoje sobre esta polémica. Seguro das condições de segurança da embarcação, terá afirmado perante a guarnição que, se em algum momento houvesse algum perigo, regressariam de imediato, abortando a missão. "Tive 50% da guarnição do meu lado e outros 50% que não quiseram cumprir as minhas ordens”, explicou o primeiro-tentente Vasco Lopes Pires.

*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Ana Maria Pimentel.