O inquérito foi promovido pela Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, que fez primeiro um trabalho de reflexão junto de pais e técnicos sobre as principais dificuldades na área da oncologia pediátrica, posteriormente avaliadas junto das famílias no inquérito nacional.
“Os resultados deste inquérito demonstram a necessidade de adequação das políticas sociais que protegem as famílias de crianças e jovens com cancro, de forma a criar melhores condições de adaptação às exigências dos tratamentos e da sobrevivência”, diz a Acreditar no documento que divulga os resultados do trabalho.
O inquérito, a que responderam 419 pessoas, destaca na área da segurança social o facto de as famílias terem uma média de “diferencial negativo” de 539 euros mensais, resultado de um aumento de despesas de 254 euros após o diagnóstico e uma diminuição das receitas de 285 euros.
A alimentação, as deslocações e a medicação estão na origem do aumento das despesas, com a diminuição das receitas a relacionar-se com as baixas e o desemprego.
“No apoio escolar, o dado mais relevante é o de que 63,5% das crianças e jovens não terem beneficiado de apoio individual e/ou ao domicílio”, diz-se no documento a que a Lusa teve acesso, no qual se acrescenta ainda como dado relevante que 89% das famílias considera que o prazo para assistência à criança/jovem deve poder ser superior a 04 anos.
A Acreditar lembra que cerca de 400 crianças em cada ano são diagnosticadas com cancro, algo que tem “um impacto imediato e disruptivo” na família. O tratamento pode ir até três anos.
Além do sofrimento e do impacto físico e psicológico nas crianças, a família é confrontada com um rombo financeiro imediato que engloba os custos diretos mas também as despesas de deslocação ao centro oncológico, os cuidados com a alimentação, os suplementos alimentares e os medicamentos complementares, lembra também a associação.
A Acreditar foi criada em 1994 como “uma rede de partilha e de afetos feita de crianças, jovens, pais e amigos” e que tem como missão “tratar a criança ou o jovem com cancro” e “não só o cancro na criança ou no jovem”, promovendo a sua qualidade de vida e da família.
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