A confirmação da data de estreia de “Marighella”, longa-metragem sobre o político comunista brasileiro Carlos Marighella, opositor durante a ditadura no Brasil, foi hoje confirmada pela produtora do filme, a O2 Filmes, na sua página da internet.

“Marighella”, que tem como ator principal o cantor e compositor brasileiro Seu Jorge, estava previsto estrear no passado dia 20 de novembro, quando se celebra o dia da Consciência Negra no país sul-americano.

Contudo, em setembro último, a produtora do filmou anunciou o cancelamento da estreia devido ao facto de não ter conseguido cumprir “todos os trâmites” exigidos pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) do Brasil, nomeadamente a comunicação da data de lançamento com pelo menos 90 dias de antecedência, segundo a imprensa local.

“Marighella” estreou-se sob aplausos no Festival de Berlim, em fevereiro do ano passado, passando depois por mais de 30 festivais em diferentes países, como Estados Unidos, Itália ou Austrália.

Em Portugal, a longa-metragem estreou-se em novembro passado, no âmbito do Lisbon & Sintra Film Festival (Leffest).

“Marighella” aborda os últimos cinco anos de vida do escritor, político e guerrilheiro Carlos Marighella, um dos principais organizadores da luta armada contra a ditadura brasileira, desde 1964 até à sua morte violenta numa emboscada, em 1969.

Wagner Moura, conhecido mundialmente por interpretar o narcotraficante colombiano Pablo Escobar na série televisiva “Narcos”, disse, durante uma conferência de imprensa em Santiago, Chile, onde o seu filme se estreou em agosto, pela primeira vez na América-Latina, que no Brasil há uma “guerra de narrativas” sobre os factos da ditadura (1964-1985).

Para o ator e realizador brasileiro, existem aqueles que negam os factos da ditadura, como considera ser o caso do atual Presidente do país, Jair Bolsonaro, e os que querem contá-los, como é o seu próprio caso.

“No Brasil, há uma guerra de narrativas. Temos um Presidente que diz que a ditadura não existiu, que a ditadura foi boa, que a tortura é um método possível para obter informações, e acho muito importante contar histórias para as pessoas vejam que sim, houve ditadura militar, e que foi terrível “, disse Moura.

O brasileiro declarou que o seu filme está num pólo completamente oposto ao de Bolsonaro e da sua negação da ditadura, mas que não decidiu efetuar as filmagens para enfrentar o atual Governo, visto que o filme começou a tomar forma em 2013, quando Dilma Rousseff era a chefe de Estado do Brasil, mas sim para “contar uma história que foi apagada do passado”.

“Eu queria falar sobre a ditadura militar e a resistência à ditadura. O filme vai de 1964, com o golpe, a 1969, quando eles matam Marighella. O desafio para mim era ter uma história emocional e, ao mesmo tempo, falar sobre muitos eventos históricos que aconteceram nesses cinco anos”, explicou Moura.

O elenco do filme conta ainda com Bruno Gagliasso, Humberto Carrão e Adriana Esteves.

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