Além de Jeffries, de 80 anos, também foram detidos o seu sócio e companheiro Matthew Smith, de 61, e James Jacobson, de 71, suposto intermediário dos dois, anunciou Breon Peace, procurador do Tribunal Federal do Distrito Leste do Brooklyn, em Nova Iorque.
Os acusados convidavam jovens aspirantes a modelo para irem a locais como Espanha, Reino Unido, Marrocos, França e Nova Iorque, e "enganavam-nos quanto a assistir a eventos públicos para ter sexo", relatou Peace.
Segundo a acusação, entre dezembro de 2008 e março de 2015, Jeffries, Smith e Jacobson usaram uma combinação de "força, fraude e coerção" para traficar homens enquanto exploravam uma empresa de prostituição. Eles davam-lhes álcool, drogas e substâncias para manter a ereção, acrescentou.
Ainda de acordo com a acusação, "em mais de uma ocasião, quando os homens não davam ou não podiam dar o seu consentimento, Jeffries e Smith violaram a integridade física destes homens, submetendo-os" a "contactos sexuais invasivos e violentos", afirmou o procurador.
"Gastaram milhões de dólares numa infraestrutura maciça para apoiar esta operação e manter o seu sigilo", acrescentou.
Jeffries foi posto em liberdade após pagar uma fiança de 10 milhões de dólares, assim como Jacobson, que depositou meio milhão de dólares. Smith teve negada a liberdade porque tem passaporte britânico e as autoridades consideram que há risco de fuga.
Jeffries e Jacobson vão comparecer na próxima sexta-feira perante o juiz Steven L. Tiscione, do tribunal de Central Islip, localidade da zona leste do estado de Nova Iorque, subordinada ao Tribunal Federal do Distrito Leste, para responder às acusações de "tráfico sexual e prostituição", informou a procuradoria.
"Responderemos detalhadamente às acusações quando for conhecida toda a denúncia e quando for o momento apropriado", disseram os advogados de Jeffries e Smith numa nota enviada à imprensa americana.
Nos documentos da acusação são citadas quinze vítimas anónimas, mas os procuradores sugerem que a escala dos supostos crimes provavelmente foi muito maior e fizeram um apelo para que novas testemunhas ou vítimas em potencial se apresentem.
"As detenções de hoje são monumentais para os aspirantes a modelos masculinos que foram vítimas destes indivíduos", disse Brittany Henderson, advogada do escritório Edwards Henderson, que representa as vítimas.
"A sua luta por justiça não termina aqui. Esperamos responsabilizar a Abercrombie and Fitch por facilitar esta conduta terrível, e garantir que isso não aconteça novamente", acrescentou em nota enviada à AFP.
O caso tem origem numa investigação da BBC de 2023, "The Abercrombie Guys: The Dark Side of Cool", na qual vários homens falaram sobre a assinatura de acordos de confidencialidade para eventos sexuais supostamente dirigidos por Jeffries.
A Abercrombie and Fitch disse-se "horrorizada e enojada" com as denúncias sobre o comportamento de Jeffries e assegurou que tem "tolerância zero com o abuso, o assédio ou a discriminação de qualquer tipo".
Jeffries foi conselheiro delegado da Abercrombie entre 1992 e 2014. Após deixar a empresa, recebeu uma indemnização de 25 milhões de dólares, segundo documentos corporativos.
Comentários