“A manifestação prevista para Gonesse de apoio ao assassino é uma infâmia e um insulto à memória dos nossos polícias”, disse Castaner na sua conta na rede social Twitter.

Mickaël Harpon, um informático de 45 anos que trabalhava desde 2003 na direção de informações da prefeitura de polícia de Paris, atacou na quinta-feira vários colegas com uma faca, matando quatro deles e ferindo um outro, e acabou por ser abatido por um polícia no pátio do edifício.

Segundo o procurador antiterrorista Jean-François Ricard, Harpon “terá aderido a uma visão radical do Islão” e estava em contacto com pessoas do “movimento salafista” (ultraconservador).

O ministro do Interior condecorou a título póstumo com a Legião de Honra as quatro vítimas: Damien Ernest, major, Anthony Lancelot, agente, Brice Le Mescam, adjunto administrativo principal e Aurélia Trifiro, agente.

Castaner disse hoje que deu instruções para que as “declarações odiosas” da convocatória da marcha fossem comunicadas ao procurador para avaliar se podem ser consideradas um delito.

O ministro francês referia-se a um vídeo publicado na Internet por Hadama Traoré, um homem que apareceu nas eleições europeias de maio como um “candidato dos subúrbios” e que justificava a concentração em Gonesse, a cidade nos arredores de Paris onde Harpon morava, como forma de defender o seu nome contra a imagem que os políticos e os meios de comunicação social lhe deram.

Traoré insistiu no argumento de que o assassino “não é um terrorista que foi movido por reivindicações terroristas”, mas que o seu ato foi uma consequência da “pressão das condições de trabalho e, principalmente, de uma vida difícil”.

Hadama Traoré defendeu ainda que ninguém pode falar mal de Harpon, mas, de acordo com a investigação já realizada, o informático havia demonstrado sinais de radicalização religiosa e também havia considerado justificado o ataque terrorista de janeiro de 2015 contra o semanário satírico “Charlie Hebdo”.

O organizador da marcha de Gonesse também apelou a “todas as minorias perseguidas” e a “todas as comunidades perseguidas” a “fazer guerra contra os políticos e a comunicação social”.

O Presidente de França, Emmanuel Macron, prometeu ontem “um combate sem tréguas” ao “terrorismo islamita”, durante a homenagem aos quatro funcionários da polícia assassinados.

“Os vossos colegas caíram sob os golpes de um islão distorcido e portador de morte que nos cabe erradicar”, disse Macron, apelando a “toda a nação” para “se mobilizar” face à “hidra islamita”, uma referência ao monstro mitológico.

“Não é, em caso algum, um combate contra uma religião, mas contra o seu desvirtuamento, que conduz ao terrorismo”, afirmou.

O Presidente, acompanhado do primeiro-ministro, Édouard Philippe, e dos ministros do Interior, Christophe Castaner, da Justiça, Nicole Belloubet, e das Forças Armadas, Florence Parly, falou às centenas de pessoas, colegas e familiares das vítimas, que se juntaram no pátio da prefeitura de polícia para a cerimónia.

O Governo, e sobretudo o ministro do Interior, têm sido alvo de críticas por não conseguirem explicar como não foi detetada a radicalização de um funcionário da polícia.

A oposição de direita e de extrema-direita qualifica o caso como um “escândalo de Estado” e exige a demissão de Christophe Castaner.

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