“Um grupo de terroristas penetrou, dissimuladamente, na vila sede do distrito de Palma e desencadeou ações que culminaram com o assassinato cobarde de dezenas de pessoas indefesas e danos materiais em algumas infraestruturas do Governo”, afirmou Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa Nacional de Moçambique.
Omar Saranga fez o rescaldo dos ataques a Palma, iniciados na quarta-feira, num comunicado de imprensa que leu aos jornalistas, em Maputo, sem direito a perguntas.
“As FDS [Forças de Defesa e Segurança] registaram com pesar a perda de sete vidas de um grupo de cidadãos que se precipitou numa coluna de viaturas saída do Hotel Amarula, que foi emboscada pelos terroristas”, declarou.
As FDS, prosseguiu, reforçaram a sua “estratégia operacional” para conter as investidas dos atacantes e repor a normalidade em Palma, tendo nos últimos três dias executado ações focadas no resgate de centenas de pessoas, nacionais e estrangeiros, e na proteção de cidadãos e seus bens.
“Neste momento, as FDS continuam a clarificar as zonas de Palma por forma a garantir um regresso seguro das populações. As posições das FDS estão todas sob seu controlo”, destacou Omar Saranga.
O Ministério da Defesa Nacional de Moçambique avançou que as forças moçambicanas conseguiram retirar centenas de pessoas, nacionais e estrangeiros, tendo evitado também que infraestruturas e bens fossem vandalizados.
As FDS, continuou, mantêm a perseguição aos atacantes, visando eliminar “algumas bolsas de resistência” e evitar o regresso dos “terroristas” a Palma.
O porta-voz do Ministério da Defesa não disse se as forças governamentais retomaram o controlo efetivo de Palma e se os atacantes continuam na vila.
“O objetivo claro desta incursão cobarde por parte dos terroristas era o de aterrorizar as populações da vila sede do distrito de Palma e ameaçar o desenvolvimento de infraestruturas que vão propiciar uma melhoria das condições de vida no país e das populações locais, em particular”, enfatizou Omar Saranga.
Saranga assinalou que a atuação das FDS está a ser conduzida com estrito respeito pelos direitos humanos.
O ataque desencadeado na quarta-feira em Palma é o mais grave junto aos projetos de gás que estão em desenvolvimento na região, após três anos e meio de insurgência armada na zona.
Um número incalculado de pessoas está desde então a fugir para a península de Afungi.
Um grupo mais restrito, de cerca de 200 cidadãos de diferentes nacionalidades, refugiou-se no hotel Amarula, de onde muitos foram sendo resgatados por terra e mar para a área controlada pela petrolífera Total.
Uma das caravanas foi atacada na noite de sexta-feira e pelo menos sete pessoas morreram. Houve ainda feridos no incidente e um deles é um português hoje transferido para a África do Sul, para tratamento médico, conforme confirmaram as autoridades portuguesas.
A violência que grassa desde outubro de 2017 no norte de Moçambique está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI) entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.
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