“Ontem (terça-feira), não foram operados sete doentes que cumpriam os serviços mínimos e hoje também não”, por recusa dos enfermeiros, disse Helena Pinho, durante uma conferência de imprensa, na qual alertou para os constrangimentos provocados pelo facto de a greve estar a decorrer em simultâneo com o plano de contingência da gripe.

Desde 31 de janeiro, até à noite de terça-feira, das 180 cirurgias previstas foram canceladas 69, sete das quais deviam ter sido feitas no âmbito dos serviços mínimos, segundo a responsável. Os dados relativos ao dia de hoje estão ainda por apurar.

Helena Pinho considerou que os sindicatos que marcaram a greve, “quando a alocaram a Viseu, não conheciam muito bem a realidade” do bloco operatório central.

“Temos uma lista de espera muito grande, porque habitualmente no bloco central já quase só operamos tumores, fraturas e doentes prioritários”, explicou, acrescentando que as salas costumam estar “ocupadas de manhã à noite” com este tipo de situações.

De acordo com a diretora clínica, “com a definição alargada dos serviços mínimos, praticamente têm que se abrir as salas todas” para dar cumprimento ao que foi estipulado por um coletivo de juízes no Conselho Económico e Social (CES).

“Nos primeiros dias, os doentes que tinham indicação dentro dos serviços mínimos para serem operados, foram operados. Quem realmente veio por pressão na greve foram os sindicatos e, a partir do momento que eles cá vieram, deixaram de ser cumpridos os serviços mínimos”, lamentou.

Helena Pinho contou que “o que os sindicatos determinaram foi que abria um determinado número de salas, quando não é isso que está no acórdão” do CES.

“Neste momento, não estamos a cumprir os serviços mínimos decretados por um tribunal por opção dos sindicatos, porque faltaram a uma reunião onde poderiam eles ter tentado negociar os serviços mínimos. Eu estive e sei que eles não estiveram lá”, afirmou.

Segundo a responsável, “o comunicado que veio do ministério foi esclarecedor no sentido de que não era para definir salas, era para definir doentes que estivessem ou não dentro dos critérios”.

Se isso implicasse que, “no limite, tivesse que se abrir a totalidade das salas, estas teriam que ser abertas, porque tinham de se cumprir os serviços mínimos”, esclareceu, acrescentando que o comunicado “está de acordo com o espírito dos juízes que determinaram o acórdão”.

Helena Pinho explicou aos jornalistas que, logo no início da greve, decidiu cancelar as cirurgias adicionais, por entender que se devia concentrar “nos doentes que tinham mesmo que ser operados”.

“Tal como eu cancelei os doentes que não cumpriam os critérios, eles também deveriam estar a assegurar as cirurgias nos doentes que cumprem os critérios”, defendeu.

Segundo a diretora clínica, desde o início da greve que, todos os dias, definia com os enfermeiros quais eram os doentes que cumpriam os critérios para se encaixarem nos serviços mínimos.

“Enquanto os sindicatos não vieram, os enfermeiros concordaram comigo em quais eram”, realçou.

Helena Pinho referiu que, numa greve normal de dois dias, “se não operar um tumor agora, opera ao terceiro dia”, sem graves consequências.

“Mas esta greve dura até 28 de fevereiro. Como é que eu vou fazer para operar estes doentes que vão sendo adiados, que integram os critérios dos serviços mínimos e não estão a ser operados?”, questionou.