“Com o pedido de insolvência, caem por terra todos os esforços que temos feito para salvar a empresa. […] No preciso momento de retoma da atividade, pode conduzir à rutura operacional da empresa, ao afetar drasticamente a relação com os seus clientes, mas, sobretudo, com os seus fornecedores, que, perante essa decisão, ponderam suspender os fornecimentos, caso não haja pagamentos antecipados ou a pronto”, afirmou o presidente de Conselho de Administração (CA) da SPdH/Groundforce, Alfredo Casimiro, em comunicado.
A TAP requereu, em 10 de maio, na "qualidade de credora", a insolvência da Groundforce "junto dos Juízos de Comércio de Lisboa do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa", justificando que o objetivo da ação passa por, “se tal for viável”, salvaguardar “a viabilidade e a sustentabilidade da mesma, assegurando a sua atividade operacional nos aeroportos portugueses”.
A Groundforce considerou que um processo de insolvência não só “não deixa tudo na mesma”, como deixa a Groundforce numa situação de “total estrangulamento”, tendo, por isso, escrito ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, no sentido de o sensibilizar “para o facto de esta decisão contribuir em muito para o agravamento da situação da empresa”.
O acionista maioritário da empresa de ‘handling’ (assistência em aeroportos) avisou que a rutura operacional poderá comprometer o pagamento dos salários de maio aos trabalhadores, até agora salvaguardado, “dificultar a operação de venda que se encontra em curso com diversos ‘players’ internacionais do setor”, bloquear o “acesso ao financiamento de curto prazo junto da banca, com especial ênfase para a Caixa Geral de Depósitos”, bem como prejudicar a TAP, “que, sendo simultaneamente acionista e credora, será a última entidade a receber o que lhe é devido após a insolvência”.
A Groundforce referiu ainda que o pedido de insolvência apresentado pelo acionista TAP “põe em risco e dificulta, desnecessariamente, quer as negociações em curso, quer o objetivo de encontrar uma solução para os problemas que a empresa enfrenta”, colocando também em causa os seus atuais 2.400 postos de trabalho.
Alfredo Casimiro acrescentou que, na missiva enviada ao ministro Pedro Nuno Santos, reiterou a sua “total disponibilidade para encontrar uma solução capaz de proteger trabalhadores, acionistas e o país”, tendo, para isso, solicitado apoio.
“De salientar que qualquer solução de insolvência levará a que seja criada uma Groundforce II, que, obviamente, irá optar pelos trabalhadores mais novos e mais qualificados, em detrimento dos trabalhadores com mais idade, mais problemas de saúde associados, mais anos de casa e com menos qualificações”, sublinhou o acionista da Pasogal.
Alfredo Casimiro lembrou que, entre 2012 e 2019, a empresa deu lucros superiores a 28 milhões de euros e que a situação em que se encontra neste momento deve-se à pandemia de covid-19, que deixou o setor da aviação paralisado.
“À semelhança do que aconteceu com a TAP, a Groundforce também solicitou o apoio do Estado para enfrentar as consequências dramáticas da paralisação quase total da atividade”, apontou Alfredo Casimiro, referindo que a empresa viu o pedido de empréstimo de 30 milhões de euros negado pelo Banco Português de Fomento.
“Uma decisão totalmente incompreensível e cuja justificação alega a ausência de disponibilidade financeira robusta dos acionistas. Tal justificação só poderá referir-se à TAP e à Portugália, pois as contas da Pasogal são positivas e sólidas”, argumentou a empresa.
O ministro das Infraestruturas é hoje ouvido no parlamento, na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, por requerimento do Partido Comunista Português (PCP), a propósito do pedido de insolvência da SPdH/Groundforce por parte da TAP.
A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.
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