“Qual governo de esquerda, quando não há liberdades sindicais, quando atacam os indígenas? (…) Isto não tem nada a ver com a esquerda, nem com a direita, simplesmente são uns assassinos que massacram o nosso povo”, acusou.

Juan Guaidó falava para milhares de simpatizantes que se concentraram na Praça Alfredo Sadel de Las Mercedes (leste de Caracas), à espera do regresso do líder da oposição de um périplo pela Colômbia, Brasil, Paraguai e Brasil.

“O regime ofereceu a sua pior cara. Usou a sua última linha de defesa, os coletivos (grupos armados afetos ao regime) e presos armados, para massacrar os indígenas”, frisou.

Juan Guaidó fazia alusão aos acontecimentos ocorridos a 23 de fevereiro na fronteira da Venezuela com o Brasil em que quatro pessoas foram mortas, segundo a imprensa local, por defenderem a entrada de ajuda humanitária internacional no país.

Por outro lado, Guaidó insistiu que os venezuelanos devem manter-se mobilizados nas ruas para conseguir o “fim da usurpação, um governo de transição e eleições livres no país”, recordando que a 23 de janeiro jurou assumir as competências do poder executivo no país, para “selar a transição”.

Segundo Guaidó, há dois elementos importantes para conseguir esses objetivos, “a união de todos, não somente do parlamento, mas também dos partidos, dos estudantes jovens (…) mulheres e sindicatos”.

“Da Igreja católica, porque Deus está connosco. Todas as igrejas”, frisou.

O segundo elemento, afirmou, é manter a mobilização nas ruas, para garantir a transição.

Juan Guaidó abordou o “bem sucedido périplo” que fez pela América do Sul e agradeceu à Colômbia, Brasil, Equador, Paraguai, Peru e Honduras pelo apoio recebido, sublinhando que “o mundo apoia esta luta libertadora”

Segundo Juan Guaido, a oposição hoje está “muito mais forte que nunca” e “não será através da perseguição e da ameaça” que será detida.

O autoproclamado Presidente interino da Venezuela frisou ainda que a oposição continuará “a insistir para a entrada da ajuda humanitária” internacional no país e anunciou que terça-feira se reunirá com representantes dos sindicatos.

No próximo sábado, acrescentou, “toda a Venezuela voltará às ruas em busca de liberdade”.

No passado dia 23 de fevereiro, pelo menos quatro pessoas morreram e centenas ficaram feridas em confrontos ocorridos nas zonas de fronteira da Venezuela com a Colômbia e o Brasil, quando militares e polícias impediram a entrada de ajuda humanitária internacional.

O autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, chegou hoje à tarde ao aeroporto internacional de Caracas, onde foi recebido por uma multidão composta por apoiantes e embaixadores de vários países europeus e latino-americanos, segundo imagens transmitidas em direto.

Entre os embaixadores europeus estava o de Portugal, Carlos Nuno Almeida de Sousa Amaro, confirmaram fontes diplomáticas à agência Lusa.

Guaidó, reconhecido Presidente interino venezuelano por cerca de 50 países, regressou à Venezuela após um périplo de uma semana por vários países daquela região e sob a ameaça de ser detido pelas forças de seguranças venezuelanas.

O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (STJ) proibiu, em finais de janeiro, o autoproclamado Presidente interino venezuelano de sair do país.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.