Ferro Rodrigues proferiu estas palavras após ter procedido à entrega ao secretário-geral das Nações Unidas designado do Prémio Direitos Humanos 2016, atribuído pelo parlamento, num ato em que teve ao seu lado o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O prémio, no valor de 25 mil euros, foi imediatamente doado pelo antigo primeiro-ministro português ao Conselho Português para os Refugiados.
Na cerimónia, na Sala do Senado, estiveram presentes o primeiro-ministro, António Costa, o antigo chefe de Estado Jorge Sampaio, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, o ex-coordenador do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, assim como vários deputados de todas as bancadas, entre eles António Filipe (PCP) e Heloísa Apolónia (PEV).
Após a primeira intervenção da sessão, a cargo do presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, o socialista Pedro Bacelar de Vasconcelos, que justificou a decisão unânime de atribuição do prémio a António Guterres, o presidente da Assembleia da República fez um curto discurso.
"À frente das Nações Unidas António Guterres é, de facto, o homem certo para dar força ao Direito Internacional e conquistar as pessoas para uma cidadania global", salientou o presidente da Assembleia da República.
De acordo com Ferro Rodrigues, a candidatura de António Guterres ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas "foi um fator de união para os 230 deputados da Assembleia da República", tendo neste ponto elogiado a ação diplomática, quer do Governo, quer do Presidente da República.
"Todos percebemos o sentido de urgência da candidatura. Era óbvio para todos nós, na Assembleia da República, que o engenheiro António Guterres era o homem certo no lugar certo e no tempo certo", sustentou, dando como exemplo o trabalho desenvolvido pelo antigo primeiro-ministro português no cargo de alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
Com a coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins, o antigo primeiro-ministro e fundador do PPD/PSD Francisco Pinto Balsemão e o antigo líder do CDS Adriano Moreira também presentes nesta sessão, Ferro Rodrigues, no seu breve discurso, referiu-se também à atual conjuntura internacional com "o drama das guerras e dos Estados falhados", mas igualmente caracterizada por problemas de escassez de recursos vitais, como a água.
"Um tempo em que o terrorismo, os atentados e o medo estão a contaminar as relações sociais, políticas e internacionais, tal como vimos esta semana em Berlim e em Ancara. Um tempo em que as democracias e os direitos humanos parecem estar em refluxo depois de décadas de grande expansão. Um tempo em que o Direito Internacional, as organizações multilaterais e a prevenção dos conflitos estão ameaçados", apontou ainda o presidente da Assembleia da República.
Apesar deste quadro sombrio a nível internacional, Ferro Rodrigues defendeu a tese de que "os homens podem fazer a diferença".
"Ora, se há alguém capaz de fazer a síntese entre a razão e o coração é António Guterres", declarou, numa alusão ao "slogan" que o atual secretário-geral das Nações Unidas designado usou na campanha eleitoral (que venceu) para as legislativas de 1995.
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