Radicada na Venezuela há 65 anos, Maria Fernanda Rodrigues, nasceu em Grijó, Vila Nova de Gaia, Porto de onde emigrou para Caracas aos 10 anos, onde fez estudos de cozinha internacional e aprendeu doçaria na padaria São Felipe, propriedade do pai, José Casimiro Barros Teixeira. "Desde pequenina gostava muito da cozinha e andava sempre de volta da minha avó. Gosto muito de cozinhar e domino muito bem o bacalhau: tenho mais de 100 receitas de bacalhau e preparo o grão, feijoadas, tripas à moda do Porto e até milho madeirense, tudo o que me pedirem", explicou à Agência Lusa.
Apesar da forte presença de emigrantes portugueses no país, a gastronomia nacional é pouco divulgada no país, considera Fernanda Rodrigues, que trabalha no país à frente do Tasca Caribe, o mais antigo restaurante de comida tradicional da capital. Há 40 anos, “haviam muitos restaurantes de portugueses, mas que de comida portuguesa eram muito poucos", pelo que propôs aos patrões que fossem feitos pratos nacionais de qualidade para tentar atrair a clientela venezuelana.
Uma estratégia que se revelou um sucesso, reconhece a ‘chef’, que já cozinhou para vários Presidentes e tem como clientes a elite da cidade."Cozinhei para antigos presidentes da Venezuela. Para o atual Presidente (Nicolás Maduro), ainda não aconteceu mas teria gosto em cozinhar para ele algum dia. Cozinhei para Rafael Caldeira (presidiu o país de 1969 a 1974 e de 1994 a 1999), Carlos Andrés Pérez (1974-1979 e 1989-1993), Jaime Lusinchi (1984-1989) e Luís Herrera Campins (1979 e 1984)", disse.
Insistindo que tanto portugueses como venezuelanos "gostam de comer muito bem" explicou que antes "comiam muito bacalhau, mas agora que está caro e escasso já não é a mesma coisa é sobretudo para ocasiões especiais, as pessoas vão mais pela feijoada transmontana". "Os venezuelanos gostam muito de feijão, da nossa feijoada, das 'paellas', do bacalhau e dos rojões", frisou, sublinhando sentir-se "orgulhosa de que tanto portugueses como venezuelanos gostem do que cozinho e da comida portuguesa".
Em quanto à doçaria, venezuelanos e portugueses "procuram muito a aletria e também a maçã assada no forno e as peras com vinho". "Faço pão-de-ló, pudim à portuguesa e rabanadas. Sei fazer os pastéis de nata, mas não os faço porque não tenho muito tempo para dedicar-me à doçaria", disse a portuguesa que quando criança trabalhou numa padaria do pai onde aprendeu "bastante sobre doçaria".
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