A Secretária de Estado Adjunta e da Saúde começou esta conferência de imprensa a elogiar o trabalho da comunicação social na transmissão de informação "fiável e credível" à população sobre o surto covid-19 — depois de dias em que a Direção-Geral de Saúde e o Ministério da Educação apelaram à não-difusão de informação não confirmada sobre novos contágios, mortes, entre outras.

Em seguida, a responsável anunciou que, após a formação necessária começaram hoje a trabalhar na Linha Saúde 24 — a linha de referência para todos aqueles que têm sintomas se informarem das medidas a tomar — mais 112 profissionais.

"A linha telefónica SNS24 assume um papel fundamental, oferecendo uma resposta de primeira linha a todos os portugueses. No entanto, todos sabemos que o acréscimo anormal e nunca acontecido na procura desta linha, inerentes a uma situação epidémica sem igual, tem provocado constrangimentos que não negamos e para os quais temos vindo a trabalhar numa resposta. Podemos anunciar que no dia de hoje, recebida a necessária formação, começaram a trabalhar na linha SNS24 mais 112 enfermeiros", anunciou Jamila Madeira.

Acrescentou ainda a Secretária de Estado Adjunta e da Saúde que "durante esta semana foi criado um algoritmo especificamente dedicado à covid-19 que permitiu agilizar o sistema de resposta", permitindo passar de 200 chamadas em simultâneo para 500 chamadas em simultâneo e hoje para 1200 chamadas em simultâneo, e "estamos a trabalhar para chegar às 2000 chamadas simultâneas".

Em parceria com as operadoras, o Governo decidiu tornar a chamada para a Linha SNS24 gratuita durante todo o período do surto.

A Secretária de Estado Adjunta e da Saúde anunciou que as autoridades estão a trabalhar com diversas ordens — enfermeiros, psicólogos, médicos — no sentido de diversificar a oferta de respostas a quem procura informações de saúde nesta altura.

Nesse sentido, esta semana entrou em funcionamento um novo site do Ministério da Saúde inteiramente dedicado à covid-19.

"Este é o momento de pedir aos portugueses que não apresentam sintomas, mas que estão preocupados, que procurem primeiro informação na internet e não através da linha SNS24. O tempo de chamada e de resposta é valioso e cabe a todos garantir que a sua utilização é feita com critério e canalizada para aqueles que efetivamente carecem dessa triagem", pediu a responsável.

Jamila Madeira anunciou ainda que as autoridades de saúde estão a trabalhar com o Ministério das Finanças para que sejam disponibilizados os recursos financeiros necessários à aquisição de material para responder a este surto. "Também a reserva estratégica nacional [de material] se mantém estável", anunciou.

"A partir do dia de ontem, como é conhecimento de todos, entramos numa nova etapa deste combate, com novas medidas e restrições que vão afetar o dia-a-dia de todos de nós", disse a responsável, acrescentando que "todos somos convocados a uma resposta firme e determinada" com sentido cívico de responsabilidade.

Graça Freitas, Diretora Geral de Saúde, também presente nesta conferência de imprensa, adiantou que as medidas adotadas pelo governo português esta madrugada — entre as quais o encerramento das escolas — visam "o distanciamento social", portanto "esse distanciamento só será concretizado se não deslocarmos aglomerados de um local para outro local". Nesse sentido, solicita-se aos portugueses "uma alteração da sua rotina no sentido de minimizarem os contactos com outras pessoas".

O objetivo é que "as pessoas se protejam e protejam as outras pessoas". "Não vamos entrar em pânico, uma epidemia significa que vamos ter muitos doentes, muitos mais do que se estivéssemos em situação normal, vamos ter doentes que vão precisar de internamento, mas felizmente a maior parte vai ter uma doença ligeira a moderada. E a maior parte dos casos ligeiros vão ficar em casa. Mas vamos tentar não adoecer todos ao mesmo tempo", apelou Graça Freitas.

A Diretora-Geral de Saúde assumiu hoje que face a este surto "o sistema de saúde tem que se reinventar, tornar resiliente, isto será à custa de uma grande capacidade de adaptação". "Esta é uma fase de exceção e será uma fase de exceção", concluiu.

Questionada sobre se Portugal não está a encerrar as escolas demasiado tarde, Jamila Madeira salientou que o Governo procurou cumprir com as recomendações das autoridades de saúde — DGS e Conselho Nacional de Saúde Pública e do Centro Europeu de Coordenação e Controlo de Doenças — "e tomou a sua decisão no tempo próprio coordenado por estas entidades".

Sobre os filhos dos profissionais de saúde e de profissionais de segurança pública, "estamos a trabalhar para encontrar uma solução de alternativa nos casos em que esta não exista no contexto familiar", respondeu a responsável.

Reiterando medidas de proteção pessoal — como não partilhar o nosso telemóvel ou limpar o equipamento sem o danificar — Graça Freitas salientou que para melhor atravessar este surto o ideal é "não ter muitos doentes ao mesmo tempo, para que todos sejam atendidos da melhor forma possível" pelos serviços de saúde.

Também durante esta conferência, já no final, a DGS confirmou que há mais uma pessoa recuperada em Portugal, juntando-se ao caso já conhecido ontem.

"Uma boa novidade, há mais casos recuperados, pelo menos mais um, e há doentes a fazer convalescença em casa neste momento, quer de cadeias de transmissão no Norte, quer de cadeias de transmissão em Lisboa e Vale do Tejo. Portanto, são boas notícias. Isto é um processo dinâmico", disse Graça Freitas. "Mas temos de aprender novas formas de nos protegermos e proteger os outros", concluiu a Diretora Geral de Saúde.

O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que causa a doença Covid-19 subiu para 112 esta sexta-feira, mais 34 do que os contabilizados no dia anterior, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Estas são as principais recomendações das autoridades de saúde à população

O surto do novo coronavírus detetado na China tem levado as autoridades de saúde a fazer recomendações genéricas à população para reduzir o risco de exposição e de transmissão da doença. Eis algumas das principais recomendações à população pela Organização Mundial da Saúde e pela Direção-geral da Saúde portuguesa:

  • Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato;
  • Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Evitar contacto direto com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos;
  • Em Portugal, caso apresente sintomas de doença respiratória e tenha viajado de uma área afetada pelo novo coronavírus, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24).

Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela DGS, há ainda 1308 casos suspeitos, sendo que 172 aguardam resultado laboratorial.

Existem também 5674 contactos em vigilância pelas Autoridades de Saúde.

O número cadeias de transmissão ativas aumentou de seis para onze, segundo a nota enviada hoje.

A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (53), seguida da Grande Lisboa (46) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com seis casos confirmados da doença. No estrangeiro mantém-se apenas um caso confirmado.

Dos casos confirmados, 33 deles são importados de Espanha (9), França (5), Itália (15), Suíça (3), Alemanha/Áustria (1).

Apenas 107 pessoas estão internadas em unidades hospitalares, segundo o boletim, que não acrescenta mais detalhes quanto a esta matéria. Pelo menos um doente curado já teve alta hospitalar, foi ontem confirmado.

Relativamente aos sintomas, maioria das pessoas infetadas por Covid-19 apresenta tosse (65%). Outros sintomas relatados são febre (48%), cefaleia (39%), dores musculares (37%), fraqueza generalizada (24%) e dificuldade respiratória (12%).

A faixa etária entre os 40-49 é a que regista mais casos, 28 total. Segue-se a população com idades entre os 30 e 39, com 24 casos confirmados.

Dos casos confirmados 68 são do sexo masculino.

O Governo decidiu um conjunto de medidas devido à pandemia Covid-19, entre as quais a suspensão de aulas presenciais nas escolas de todos os graus de ensino, já a partir de segunda-feira, anunciou o primeiro-ministro, numa declaração ao país.

O Governo decidiu também declarar o estado de alerta em todo o país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.

Esta quinta-feira, 12 de março, o Conselho de Ministros aprovou ainda um conjunto de "medidas extraordinárias e de caráter urgente" de resposta à situação epidemiológica do novo Coronavírus. Uma lista que se reparte essencialmente por quatro áreas: apoio às famílias, às empresas, reforço do Sistema Nacional de Saúde e medidas na educação.

O surto de Covid-19 está a motivar, desde a semana passada, o encerramento ou o condicionamento do acesso a serviços públicos, escolas, hospitais e outros equipamentos em Portugal. Conferências, provas desportivas ou eventos culturais também estão a ser afectados. A lista completa pode ser consultada aqui.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários site onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.

O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro de 2019, na China, e já provocou mais de 4.900 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.

O número de infetados ultrapassou as 128 mil pessoas, com casos registados em mais de 120 países e territórios. Quase 70 mil dos infectados já recuperou.