Uma autoridade israelita disse que houve progressos, mas que os detalhes estão a ser ultimados.
A AP obteve uma cópia do acordo proposto e uma autoridade egípcia e uma autoridade do Hamas confirmaram a sua autenticidade. O plano teria de ser submetido ao Gabinete israelita para a sua aprovação final. Todos os três responsáveis falaram sob condição de anonimato.
Os Estados Unidos, o Egito e o Qatar passaram o último ano a tentar mediar o fim da guerra de 15 meses e a garantir a libertação de dezenas de reféns capturados no ataque do Hamas, que aconteceu em 07 de outubro de 2023. Cerca de 100 israelitas ainda estão presos em Gaza e os militares acreditam que pelo menos um terço destes estão mortos.
As autoridades manifestaram um crescente otimismo de que podem concluir um acordo antes da tomada de posse do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, a 20 de janeiro, cujo enviado para o Médio Oriente, Steve Witkof, juntou-se às negociações.
O acordo de três fases — baseado numa estrutura definida pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, e endossada pelo Conselho de Segurança da ONU — começaria com a libertação gradual de 33 reféns ao longo de um período de seis semanas, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos em troca de potencialmente centenas de mulheres e crianças palestinianas presas por Israel.
Entre os 33 estariam cinco soldados israelitas do sexo feminino, cada um dos quais seria libertado em troca de 50 prisioneiros palestinianos, incluindo 30 militantes condenados que cumprem penas de prisão perpétua. No final da primeira fase, todos os civis cativos — vivos ou mortos — terão sido libertados.
Durante esta primeira fase de 42 dias, as forças israelitas se retirariam dos centros populacionais, os palestinianos seriam autorizados a começar a regressar às suas casas no norte de Gaza e haveria um aumento da ajuda humanitária, com cerca de 600 camiões a entrar todos os dias.
Os detalhes da segunda fase ainda têm de ser negociados durante a primeira. Estes detalhes continuam a ser difíceis de resolver e o acordo não inclui garantias escritas que o cessar-fogo se irá manter até que seja alcançado um compromisso. Existe a possibilidade de Israel retomar a sua campanha militar após o término da primeira fase.
Os três mediadores, no entanto, deram garantias verbais ao Hamas que as negociações vão continuar como planeado e que vão pressionar por um acordo para implementar a segunda e terceira fases antes do final da primeira, disse a autoridade egípcia.
O acordo permitiria a Israel, durante a primeira fase, permanecer no controlo do corredor Filadélfia, a faixa de território ao longo da fronteira de Gaza com o Egito, da qual o Hamas exigiu inicialmente que Israel se retirasse. No entanto, Israel deve retirar-se do corredor Netzarim, no centro de Gaza.
Na segunda fase, o Hamas libertaria os restantes cativos vivos, principalmente soldados do sexo masculino, em troca de mais prisioneiros e da “retirada completa” das forças israelitas de Gaza, de acordo com o projeto de acordo. Entretanto, o Hamas afirmou que não libertará os restantes reféns sem o fim da guerra e uma retirada total de Israel, enquanto o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu no passado retomar os combates a menos que as capacidades militares e governamentais do Hamas sejam eliminadas.
A menos que seja elaborado um Governo alternativo para Gaza nestas negociações, o Hamas poderá ficar no comando do território.
Numa terceira fase, os corpos dos restantes reféns seriam devolvidos em troca de um plano de reconstrução de três a cinco anos a ser executado em Gaza sob supervisão internacional.
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