Em sucessivos comunicados, o Hezbollah, que intervém contra Israel em apoio do seu aliado palestiniano Hamas, reivindicou a responsabilidade por mais de 20 ataques contra posições militares israelitas.

Os ataques incluíram o disparo de 48 foguetes ‘Katyusha’ contra uma base militar perto da cidade de Safed, no norte de Israel, a maior salva disparada do Líbano desde o início da violência, a 07 de outubro, e a utilização de um míssil ‘Burkan’, que pode transportar enormes cargas explosivas.

“Em resposta aos disparos contra Israel […], os helicópteros e aviões de guerra das FDI [Forças de Defesa Israelitas] atingiram as infraestruturas terroristas do Hezbollah e os locais de lançamento de foguetes no Líbano”, declarou o exército judaico em comunicado.

Segundo a agência noticiosa nacional oficial (Ani), Israel também bombardeou intensamente aldeias fronteiriças no sul do Líbano, sem registo de vítimas.

A escalada segue-se à morte de cinco combatentes do partido xiita, incluindo o filho do líder do bloco parlamentar do Hezbollah, Mohamed Raad, na sequência dos bombardeamentos israelitas.

Abbas Raad foi morto, juntamente com outros quatro membros do Hezbollah, num ataque israelita a uma casa na aldeia de Beit Yahoun, na noite de quarta-feira, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) fonte próxima da família, que pediu o anonimato.

De acordo com a AFP, que cita outra fonte, esta próxima do partido xiita, dois líderes da força al-Radwan, a unidade de elite do Hezbollah, estavam entre os cinco mortos.

Hoje, o Hezbollah anunciou que mais dois dos seus combatentes tinham “caído como mártires no caminho para Jerusalém”, o termo utilizado pelo partido xiita para designar os militantes mortos desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.

Vários milhares de pessoas assistiram ao funeral de Abbas Raad na cidade de Jbaa, no sul do país, alguns agitando bandeiras do Hezbollah e da Palestina.

“A resistência está a fazer grandes sacrifícios, mas também está a provar que é uma resistência forte, do Líbano à Palestina, passando pelo Iémen e pelo Iraque”, disse um alto funcionário do partido, Hachem Safieddine, durante o funeral.

Referindo-se à trégua entre Israel e o Hamas, que deverá entrar em vigor na sexta-feira de manhã, Safieddine adiantou que o facto de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a ter aceitado “prova que é incapaz de libertar prisioneiros pela força […] e de eliminar o Hamas e a resistência”.

Os confrontos transfronteiriços causaram 109 mortos do lado libanês, de acordo com uma contagem provisória da AFP. Pelo menos 77 eram combatentes do Hezbollah, mas também houve pelo menos 14 civis, incluindo três jornalistas.

Entre os mortos conta-se um oficial da ala militar do Hamas no Líbano, abatido terça-feira num ataque israelita que teve como alvo um carro no sul do país. Dois turcos e dois libaneses que o acompanhavam também foram mortos, segundo o Hamas.

Do lado israelita, seis soldados e três civis foram mortos, de acordo com as autoridades.

Quarta-feira, durante uma visita a Beirute, onde se encontrou com o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, o chefe da diplomacia iraniana, Hossein Amir-Abdollahian, avisou que a guerra poderá alastrar se a trégua não perdurar.

O Hezbollah afirma estar a participar no conflito em apoio do Hamas desde o sangrento ataque do movimento islamita em território israelita que, segundo as autoridades, matou 1.200 pessoas, tendo o movimento islamita feito reféns cerca de 240 pessoas.

Israel, que prometeu “aniquilar” o Hamas, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde mais de 14.000 pessoas foram mortas.