“Sem o acordo, havia um perigo real de a União Europeia (UE) nos tirar o dinheiro e dá-lo à Ucrânia”, disse Orbán à estação de rádio pública húngara Kossuth.

Após meses de impasse, o líder ultranacionalista da Hungria levantou na quinta-feira o veto à ajuda financeira de 50 mil milhões de euros da UE à Ucrânia.

Para Orbán, o acordo de Bruxelas “foi um sucesso” para Budapeste, uma vez que recebeu garantias de que “não darão a outros” os fundos correspondentes à Hungria.

Em todo o caso, o Governo de Orbán continua a não receber de Bruxelas cerca de 12 mil milhões de euros de fundos comunitários, devido à recusa em garantir o Estado de direito na Hungria.

O primeiro-ministro húngaro é o principal aliado da Rússia do bloco europeu, com a qual mantém relações amistosas, apesar da invasão da Ucrânia.

Por outro lado, Orbán acusou hoje Bruxelas de viver “numa febre de guerra” e reiterou que a Hungria foi deixada sozinha “na defesa da paz”.

“Na discussão, tanto Bruxelas como nós temos instrumentos, mas é melhor chegar a um acordo do que discutir”, disse o primeiro-ministro, referindo-se aos contactos antes da cimeira sobre o apoio financeiro à Ucrânia.

Há vários anos que as relações entre a Hungria e a Ucrânia são tensas, com Kiev a acusar Budapeste de apoiar os interesses russos, enquanto Orbán se queixa de que os direitos das minorias étnicas, incluindo cerca de 150 mil magiares, não são respeitados no país vizinho.

A Comissão Europeia bloqueou o pagamento de cerca de 22 mil milhões de euros de fundos regionais à Hungria por incumprimento da Carta Europeia dos Direitos Fundamentais, mas em dezembro de 2023 desbloqueou 10,2 mil milhões de euros após alterações legislativas em Budapeste.