“A primeira ou segunda interjeição podia ter sido uma coisa espontânea de querer mostrar que há limites, que isto está fora daquilo que seria a norma e a cultura da Assembleia da República, mas a partir do momento em que se percebe que essas interjeições funcionaram a favor do infrator e insistem eu, que não tenho as pessoas como burras, só posso inferir que a intenção era continuar a favorecer com aquela velha teoria de que um Chega forte é garantia que o PS se eternizava no poder e se foi isso é gravíssimo”, afirmou João Cotrim de Figueiredo.
O primeiro da lista da IL às europeias, que se realizam em Portugal a 9 de junho, abordou este tema depois de questionado pelos jornalistas sobre o atual funcionamento do parlamento quando passava pelo `stand´ da Assembleia da República na Feira do Livro de Lisboa, certame que visitou esta manhã acompanhado da comitiva.
Dizendo que tem acompanhado o que se tem passado na Assembleia da República, apesar de não com a atenção de que gostaria, o candidato a eurodeputado referiu que “as cercas sanitárias mais agressivas não funcionam”.
“Dizem que está particularmente tumultuosa, menos educada [Assembleia da República]. Talvez seja interessante dizer em público e em campanha que a cortesia e as boas maneiras nunca prejudicaram nenhuma proposta política, nenhum funcionamento, nenhum sistema, porque é uma base de respeito entre pessoas”, atirou.
Para Cotrim de Figueiredo, as pessoas saberem tratar-se com cortesia e respeito “é o mínimo” e isso “está a perder-se no parlamento”.
Questionado sobre se estaria a falar sobre algum partido político em particular, o candidato da IL ao Parlamento Europeu assumiu estar a referir-se ao Chega, mas “não é o único”.
O tema da liberdade de expressão não é novo, tem décadas de discussão e é particularmente difícil, entendeu.
À pergunta sobre se deve haver “um árbitro” no parlamento, Cotrim de Figueiredo respondeu com uma nova questão: “E quem arbitra o árbitro?”.
Para, de seguida, sublinhar que os “riscos de ter um árbitro do que pode e não pode ser dito são maiores do que as asneiras e as baboseiras que são ditas se não houver um árbitro”.
Nas últimas semanas, o tema da liberdade de expressão tem estado na ordem do dia depois de o presidente da Assembleia da República ter dito que não lhe cabe fazer a avaliação da bondade dos discursos dos deputados, ainda que sejam eticamente desvaliosos, assumindo-se como “guardião” do aceitável.
Uma questão que surgiu depois de as bancadas da esquerda parlamentar o terem criticado por não ter admoestado o presidente do Chega, André Ventura, quando em plenário se referiu às capacidades de trabalho do povo turco.
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