"Refletindo sobre o nosso passado e levando em consideração os sentimentos de profundo remorso, espero fervorosamente que os estragos da guerra nunca se repitam", disse o imperador de 84 anos diante de 6.000 pessoas no salão Nippon Bukoan, no centro de Tóquio.

Esta foi a última participação nesta cerimónia do imperador que deverá abdicar em abril do próximo e que será substituído pelo filho Naruhito — devido a uma lei especial que permitirá a sua ascensão ao trono antes da morte do pai.

Akihito, filho de Hirohito, imperador do Japão durante a guerra e que anunciou a rendição a 15 de agosto de 1945, usou a expressão "profundo remorso" pela primeira vez em 2015 e desde então repetiu-a em cada cerimónia.

Anteriormente, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe apresentou uma oferenda no polémico santuário Yasukuni de Tóquio, mas não visitou o local pessoalmente.

Shinzo Abe enviou um assistente em sua representação, permanecendo uma vez mais longe do santuário que homenageia os mortos pela pátria — incluindo criminosos de guerra condenados.

A decisão de Abe foi tomada num momento em que o chefe do Governo tenta melhorar os laços com a China, já que as suas visitas e as de outros políticos japoneses ao santuário provocaram a irritação de Pequim e outros vizinhos no passado.

O santuário privado de Yasukuni presta homenagem a quase 2,5 milhões de soldados e outras pessoas que trabalharam para o exército e morreram pelo Império Japonês desde o início da era Meiji (1868) até o fim da Segunda Guerra Mundial.

No entanto, desde 1978 o local também conta nos seus registos com os nomes de japoneses condenados por crimes de guerra pelos Aliados após a rendição do Japão, que aconteceu depois dos bombardeamentos atómicos dos Estados Unidos sobre Hiroshima (6 de agosto de 1945) e Nagasaki (9 de agosto), que fizeram mais de 210.000 mortos.

Por este motivo, o santuário é objeto de críticas por parte dos países que sofreram com o colonialismo e as agressões japonesas na primeira metade do século XX, como a China e as duas Coreias.

"Por favor, rezem pelas almas dos mortos. Sinto muito não poder comparecer pessoalmente", afirmou o assistente Masahiko Shibayama, ao citar Abe.

O primeiro-ministro japonês irá discursar nas próximas horas num estádio de Tóquio para celebrar o aniversário do fim da guerra.