O protesto decorreu em Lagares da Beira, em frente às instalações da incubadora BLC3, de onde foi emitido o programa televisivo "Prós e Contras", dedicado à floresta e aos incêndios, em que participou o ministro Adjunto Pedro Siza Vieira, que recebeu uma delegação dos lesados.
"Queremos ajudas no terreno, porque fala-se em milhões e os milhões, na realidade, não existem e as pessoas estão a precisar de ajuda nesta situação de calamidade", disse Nuno Pereira, do Movimento Associativo de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), que criticou a diferença de tratamento relativamente aos lesados do fogo de Pedrógão Grande.
Segundo Nuno Pereira, os únicos apoios que chegaram até ao momento àquela região do interior do distrito de Coimbra foram os simplificados, até cinco mil euros, "que vieram com milhões de cortes, que ninguém sabe como foram feitos e com que critérios".
"Neste momento não há nada de construção adjudicado e, quatro meses depois, já podiam estar muitas casas em reconstrução", disse este produtor agrícola e florestal, que lamentou o facto de no setor florestal também "não existir nada".
Em suma, e de acordo com Nuno Pereira, no terreno estão "pouco mais de 30 milhões de euros anunciados pelo ministro da Agricultura, que foram dados nos pedidos simplificados".
"Estamos numa região que ficou moribunda, calcinada, e isto exigia cuidados intensivos, outro tipo de intervenções, porque sofremos aqui queimaduras de primeiro grau", refere, por seu lado, João Dinis, da Confederação Nacional de Agricultura (CNA).
Salientando que o Governo devia ter acudido de outra forma, João Dinis exortou o ministro da Agricultura a deixar a "propaganda dos milhões" e a ajudar os agricultores e produtores florestais que "estão na penúria".
O resineiro José Laurício, de Oliveira do Hospital, contou à agência Lusa que perdeu 10 toneladas de resina anuais e que está sem trabalho, tendo recebido apenas 3.700 euros de apoio.
"Agora não tenho vontade de fazer nada. A resina, que era retirada dos meus pinhais, era o meu sustento e não sei como vou refazer a minha vida", disse.
O representante da CNA, João Dinis, é perentório: "nós fomos e somos as vítimas dos incêndios, não somos os culpados".
"A madeira está completamente desvalorizada e o ministério da Agricultura não abre parques de receção de madeira", denunciou.
A madeira que ardeu está na floresta "totalmente desvalorizada e agora saiu legislação a obrigar os proprietários a limpar as suas parcelas à volta das povoações até 15 de março", lamentou ainda João Dinis.
Os manifestantes entregaram panfletos pelos convidados do programa "Prós e Contras" e exibiram uma tarja onde se lia: "Basta de propaganda de ?milhões'! Mais respeito pelas pessoas!".
A concentração e protesto foi organizado pela CNA, MAAVIM e Associação Distrital de Agricultores de Coimbra (ADACO).
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