Em declarações à agência Lusa, a deputada do PS Susana Amador reagiu às declarações de hoje de manhã do vice-presidente do PSD David Justino que, em conferência de imprensa, defendeu que houve falta de coordenação no combate ao incêndio de Monchique, recomendando ao executivo que deixe de privilegiar as estratégias de comunicação e de fazer campanha eleitoral.
“Nós interpretamos esta conferência de imprensa desta manhã mais como uma prova de vida do PSD, que é hoje um partido que se encontra sem estratégia, dividido, fragilizado, longe do apoio dos portugueses e que os portugueses também não esqueçam que foi o partido que fez cortes brutais nas funções do Estado e que fez desinvestimentos muito claros na Proteção Civil, que com o PSD chegou a cair 30%, a maior queda da Europa”, acusou.
Na opinião de Susana Amador, “o PSD está acima de tudo muito incomodado com os resultados da governação, com os resultados positivos desta mudança de políticas e com o nível de adesão popular a este Governo”.
“Queremos reiterar que o Governo e o PS estão antes de mais concentrados na concretização de uma agenda de desenvolvimento, de bem-estar, de crescimento económico e de quebra do ciclo de empobrecimento. A verdade é que essa mudança de política tem tido resultados muito satisfatórios”, sublinhou.
O PSD quando “fala de falta de humildade”, continuou a deputada do PS, “deveria olhar para si próprio porque, com os cortes brutais que fez e as quebras de investimento que fez, deveria fazer um pouco de introspeção e ser um pouco mais humilde”.
Sobre o incêndio de Monchique, a deputado do PS deixou palavras de “solidariedade para com as populações afetadas”. “Felizmente não houve perda de vidas humanas, que é o nosso bem supremo e um valor preferente. Julgo que PSD desvaloriza muito esta questão e não o pode desvalorizar”, destacou.
Susana Amador destacou também “o trabalho, esforço e dedicação dos bombeiros - que foram inexcedíveis - das forças de segurança, das autarquias e da Segurança Social”.
“E, obviamente, palavras de preocupação pelos danos no ecossistema, pelas culturas e produção agrícola dizimada, pelos problemas na habitação”, disse.
Considerando que foi “algo descontextualizada” a intervenção do primeiro-ministro, António Costa, sobre o facto do incêndio de Monchique ter sido a exceção que confirma o sucesso da operação de combate a incêndios, Susana Amador defendeu que não se pode “subestimar todo o esforço que foi feito e todo o combate que foi feito”.
“Agora faremos as análises e as investigações que se entenderem pertinentes e oportunas. Nunca é bom fazer análise em cima dos acontecimentos. O tempo agora foi o da emergência, de combate e de apoio e, depois, haverá o tempo de fazer a avaliação do que correu bem e do que correu menos bem”, observou.
A deputada socialista insistiu que “o bem vida foi preservado e há apenas um ferido grave”.
“Nessa perspetiva o balanço podia ter sido muito pior do que aquilo que foi, o que revela a justeza, a adequação dos meios e a oportunidade das evacuações que foram feitas”, concluiu.
Incêndios: PS critica “ziguezagues” do PSD sobre observatório independente
O PS criticou hoje os “ziguezagues” do PSD sobre o Observatório Técnico Independente para os incêndios, considerando estranho que o partido proponente esteja disponível para mudar a natureza da entidade menos de um mês depois da sua aprovação.
O vice-presidente do PSD David Justino admitiu hoje alterar a configuração do Observatório Técnico Independente, que propôs, para o tornar uma comissão permanente junto do parlamento, conforme defendido pelo Presidente da República.
Questionada pela agência Lusa sobre a disponibilidade do PS para acompanhar esta alteração – os socialistas votaram contra este observatório aquando da sua aprovação em 18 de julho, no parlamento – a deputada do PS Susana Amador considerou “estranho que o partido proponente deste observatório ande aos ziguezagues”.
“[O PSD] aprovou o observatório no dia 18, o PS na altura manifestou-se através do seu voto contra. Agora o próprio partido proponente já entende que pode mudar a natureza do observatório”, criticou.
Para Susana Amador, este tema “revela mais uma vez um partido que está à deriva”, uma vez que o PSD apresenta um projeto “e, logo a seguir, diz que o pode alterar e que pode mudar a natureza já depois de ter sido promulgado e ter-se batido tanto por esse projeto de lei”. “É um ziguezague que não se compreende e que só revela a dualidade em que vive o PSD presentemente”, insistiu.
Da parte do PS, como o “próprio Presidente da República referiu”, quer o observatório, quer a comissão permanente a criar “podem ser complementares”.
“É isso que avaliaremos no início da sessão legislativa”, disse, garantido que “PS tem sempre total disponibilidade e abertura para melhorar todas as soluções legislativas”.
Em conferência de imprensa esta manhã na sede do PSD, em Lisboa, David Justino defendeu que o Observatório Técnico Independente não é, "na plenitude das suas características", semelhante à comissão pedida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Portanto, se for necessário, com base no diploma que já está promulgado, fazer retificações para adequar aquilo que o senhor Presidente da República entende como mais necessário, nomeadamente, torna-la uma comissão permanente, no âmbito da Assembleia, nós estamos disponíveis para o fazer", argumentou David Justino.
No sábado, o Presidente da República propôs a criação de uma "comissão independente permanente", sob alçada da Assembleia da República, para fazer a avaliação da época de incêndios e "ajudar" o Governo, o próprio chefe de Estado e as instituições.
Marcelo Rebelo de Sousa fez esta proposta enquanto falava com populares, que lhe apresentaram, à saída de um briefing no posto de comando da Proteção Civil instalado no centro da vila de Monchique, diversas queixas relacionadas com a operação de combate ao incêndio naquele concelho do Algarve.
A Assembleia da República aprovou no dia 18 de julho a criação do Observatório Técnico Independente que irá analisar, acompanhar e avaliar os incêndios florestais e rurais que ocorram em território nacional.
O projeto de lei apresentado pelo grupo parlamentar do PSD reuniu, além dos votos a favor da bancada do PSD, os votos favoráveis do CDS-PP e do PAN.
A bancada parlamentar do PS votou contra e o BE, PCP e "Os Verdes" abstiveram-se na votação final global em plenário.
Em 02 de agosto o Presidente da República promulgou este diploma.
(Notícia atualizada às 20h26)
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