“Pode ser um das soluções, um acordo de incidência parlamentar, se for entendimento do senhor representante da República que é importante para viabilizar um governo à direita nos Açores”, avançou, em declarações aos jornalistas.
O líder regional do IL falava à saída de uma audiência com o representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, em Angra do Heroísmo.
Questionado sobre um eventual acordo com a coligação de direita, Nuno Barata disse que ainda não estava fechado, mas admitiu estar em conversações.
“Não há acordos, não há negociações, o que há é conversações. Nós, a devido tempo, anunciaremos o que é possível. Apresentámos ao PSD 12 pontos que entendemos que devem e têm de estar num programa de governo a quatro anos. Se o PSD aceitar, nós estaremos no parlamento a fazer oposição construtiva, sempre oposição, mas uma oposição construtiva, mas com soluções para mudar um paradigma de governação dos Açores, que permita sair do quadro socioeconómico que nós estamos tínhamos em 2019, que era lamentável”, afirmou.
O PS venceu as eleições legislativas regionais dos Açores, no dia 25 de outubro, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo apenas 25 deputados.
O PSD foi a segunda força política mais votada, com 21 deputados, seguindo-se o CDS-PP com três.
Chega, BE e PPM elegeram dois deputados e Iniciativa Liberal e PAN um cada.
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos têm 26 deputados, já anunciaram um acordo de governação, mas necessitam de 29 deputados para alcançar uma maioria absoluta.
O Chega anunciou hoje que “vai viabilizar o governo de direita nos Açores”, após ter chegado a um acordo com o PSD em “vários assuntos fundamentais” para a Região Autónoma e para o país.
O PAN reiterou que não viabilizará uma solução governativa na região, que envolva o Chega, por isso o Iniciativa Liberal é o único partido que poderá dar a maioria absoluta no parlamento à coligação de direita.
Nuno Barata disse que o IL não integrará uma solução de governo, mas admitiu dar apoio a “uma solução parlamentar estável para quatro anos de governação nos Açores, que não seja à esquerda”.
“A essência do parlamentarismo está de novo viva nos Açores e é no parlamento que essas coisas devem ser debatidas, discutidas e aprovadas”, frisou, acrescentando que a população “não saiu de casa para manter tudo na mesma”.
O dirigente regional do Iniciativa Liberal disse que o partido “jamais poderia apoiar uma solução de esquerda no parlamento dos Açores”.
“Aquilo que viemos dizer ao senhor representante da República foi que não apoiaremos uma solução de programa de governo socialista, que temos interesse em contribuir para a estabilidade governativa nos Açores e entendemos que devem ser encetadas as negociações nesse sentido”, acrescentou.
Questionado pelos jornalistas, Nuno Barata criticou o facto de o acordo do Chega ter sido anunciado pelo líder nacional do partido, André Ventura.
“Serei sempre crítico que uma solução para o futuro dos Açores seja decidida em Lisboa. É uma coisa que eu não admito, sou uma autonomista convicto e progressivo”, frisou.
O representante da República já tinha ouvido antes o porta-voz do PAN/Açores e hoje ouve ainda representantes de PPM, BE, Chega e CDS-PP.
No sábado, receberá os representantes dos dois partidos mais votados, PSD e PS.
De acordo com o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, cabe ao representante da República nomear o presidente do Governo Regional "tendo em conta os resultados das eleições", mas só depois de ouvir os partidos políticos representados no parlamento.
A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores integra 57 deputados e terá pela primeira vez oito forças políticas representadas.
A instalação da Assembleia Legislativa está marcada para o dia 16 de novembro. Habitualmente, o Governo Regional toma posse, perante o Parlamento, no dia seguinte.
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