Maria Gomes Da Silva salientou no início da conferência de imprensa que o objetivo da mesma passava por esclarecer “eventuais dúvidas” relativamente à “situação que se passa no IPO”  de Lisboa e “transmitir uma mensagem de confiança" aos doentes.

A diretora do serviço de hematologia do IPO de Lisboa afirmou ainda que “continua a ser seguro e que [os doentes] devem continuar a vir aos seus agendamentos, às suas consultas, aos seus tratamentos e que não há nenhuma situação preocupante ou que esteja fora de controlo”, referindo-se ao surto de Covid-19 que apareceu na instituição.

Desde o início da pandemia que o IPO de Lisboa implementou um plano de contingência. Entre as “várias medidas”, destaca-se o rastreio a doentes e a profissionais.  Ao todo já se realizaram 6.000 testes entre doentes e profissionais, dos quais 2200 testes foram a 1500 profissionais — “o que dá uma taxa de cobertura de cerca de 80%” — e 3800 testes a doentes.

De acordo com Sandra Gaspar, membro do Conselho de Administração do IPO, foram identificados 72 casos positivos de covid-19. Destes, 24 são doentes (0,8% do número total de pacientes) e 34 são profissionais (1,7% de todos os trabalhadores).

No início da semana foram identificados dois profissionais com Covid-19 e “imediatamente foram desenvolvidos todos os procedimentos e todas as medidas necessárias (…) e na sequência dessas medidas, foram identificados 12 doentes e oito profissionais [com Covid-19]", afirmou.

Os doentes foram transferidos para outros hospitais do Serviço Nacional de Saúde e encontram-se "numa situação clinicamente estável".

Os profissionais de saúde que testaram positivo foram isolados e foi feito um rastreio epidemiológico com "todos os contactos que tiveram". A maioria dos infetados não tem sintomas.

A membro do Conselho de Administração do IPO de Lisboa assegurou que "o que se passou esta semana foi uma situação pontual e que está controlada".

Sandra Gaspar reforçou ainda que os doentes "podem continuar a ir com toda a segurança ao IPO (...) sem receios acrescidos".

A diretora do serviço de hematologia do IPO salientou que o foco de infeção "não é ainda completamente claro", mas "todas as precauções possíveis" estão a ser implementadas.

Sandra Gaspar disse ainda que estão internados em Hematologia 17 doentes, sendo que só oito estão no próprio serviço (os restantes noutros locais do hospital), e que não há reações de “grande pânico” entre esses doentes internados e que quer eles quer as famílias estão informados.

E frisou que as neoplasias hematológicas “são muito mais agressivas”, pelo que atrasos no diagnóstico e terapêutica são “potencialmente perigosos para os doentes”.

“Tenho medo que a quebra de confiança possa levar as pessoas a não virem ao hospital", afirmou, acrescentando: “Não por mim, mas pelos doentes”.

Sandra Gaspar assinalou que a principal mensagem que queria deixar era a de os doentes devem manter a confiança no IPO-Lisboa e há “todas as condições” para que continuem a ir ao hospital.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 443 mil mortos e infetou mais de 8,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.523 pessoas das 37.672 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.