Falando no encerramento de um almoço que juntou cerca de 300 pessoas na Casa do Campino em Santarém (cedida ao partido pela primeira vez, em mais de 20 anos, pelo executivo municipal social-democrata), Jerónimo de Sousa retomou os temas do XX Congresso do PCP que decorreu no passado fim de semana em Almada.
Para o líder comunista, os “avanços” conseguidos no último ano, que atribuiu à ação do partido no âmbito da solução governativa saída das últimas eleições, não podem ser dissociados do desenvolvimento do país e da criação de mais riqueza, só possível se o país se livrar dos “estrangulamentos” impostos pela União Europeia.
“Não há volta a dar, camaradas. Nós acreditamos que é possível continuar nesta linha de reposição de conquistas e de direitos, mas a manta é curta. Não se pode enviar para fora 8.500 milhões de euros [juros anuais da dívida] de riqueza produzida pelo nosso povo e simultaneamente encontrar respostas para as verbas necessárias para essa reposição”, afirmou.
Jerónimo de Sousa questionou a integração do país num “conjunto de países da zona euro com situações tão diferenciadas” e as dificuldades criadas pela inexistência de moeda própria.
“Podemos não perceber muito de economia, mas como é possível haver uma moeda única, o euro, para países tão desenvolvidos como a Alemanha, por exemplo, e países como o nosso, países com economias e realidades tão diferentes no plano económico e financeiro.
“Naturalmente isto é uma batalha da panela de ferro contra a panela de barro”, declarou.
Para o líder comunista, Portugal tem que se “libertar desta submissão”, advertindo os que não querem “acirrar” a União Europeia de que não tenham “ilusões”, pois Portugal só pode ter desenvolvimento económico e progresso se tiver “soberania económica”.
Jerónimo de Sousa afirmou que, tal como o partido advertiu para os riscos da adesão ao euro para a economia portuguesa, confirmados pela “destruição do aparelho produtivo” do país, defende agora a saída da moeda única, explicando porquê.
“Perdemos com o euro e continuaremos a perder enquanto aceitarmos essa ditadura do euro em relação à nossa economia”, afirmou, sublinhando que muitos dos que criticaram a “blasfémia” do PCP defendem hoje a necessidade de o país se libertar do euro e renegociar a dívida.
“O PCP considera que, mais do que a necessidade, existe a possibilidade. Se queremos ter um país livre e soberano, em que são os portugueses a mandar em Portugal, temos que nos libertarmos desta canga, desta carga que nos é imposta”, afirmou.
Jerónimo de Sousa reafirmou ainda como prioridade do partido conseguir que o salário mínimo seja fixado nos 600 euros em janeiro, reconhecendo que o facto de o PCP não ser acompanhado nesta matéria nem pelo PS nem pelo BE pode não tornará possível que tal aconteça, o que não impedirá o partido de “persistir até alcançar” esse objetivo.
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