Jorge Fernando Branco Sampaio, ex-presidente da República, morreu esta sexta-feira aos 81 anos. Estava internado no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, por insuficiência respiratória, desde o dia 27 de agosto.

Nascido em Lisboa em 18 de setembro de 1939, foi um dos protagonistas da crise académica do início dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, e como advogado defendeu presos políticos durante a ditadura.

Na política, fez quase tudo o que podia fazer. Eleito líder do Partido Socialista, em 1989, foi o primeiro líder partidário a candidatar-se à Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido reeleito em 1993. Foi chefe de Estado entre 1996 e 2006. Depois de Belém, continuou a dedicar-se a causas: foi nomeado enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações. Atualmente, era presidente da Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada pelo próprio em 2013.

No dia 26 de agosto, exatamente no dia anterior ao seu internamento, anunciou que a Plataforma estaria a preparar um reforço do programa de emergência de bolsas de estudos e oportunidades académicas para jovens afegãs.

É também a Jorge Sampaio que devemos a autoria do lema "25 de Abril, sempre!", criado durante uma comissão interpartidária das comemorações da data, numa tentativa de se celebrar em conjunto.

“Ainda não estava no PS nessa altura e, dentro desse grupo de independentes, fizemos reuniões com o PC e com os tais amigos, e eu sugeri para o 25 de Abril que a única coisa que se podia dizer era '25 de Abril, sempre!'”, contava há dois anos.

Jorge Sampaio deixa uma profunda marca política, mas também humana, que é evidenciada pelas várias reações a esta perda. As principais figuras políticas nacionais foram unânimes, recordando-o como um "homem bom", um “estadista” e um lutador pela liberdade e pelos direitos humanos.

Em comunicado, o Conselho de Ministros destaca Jorge Sampaio como “uma personalidade incontornável da vida política portuguesa” e o Governo decretou três dias de luto nacional, entre sábado e segunda-feira, e o Presidente da República promulgou o decreto.

O Presidente da República recordou Jorge Sampaio como “um homem bom” e destacou a sua luta pela “liberdade na igualdade”, apelidando-o de “furacão ruivo” pelo seu empenho no movimento estudantil dos anos 60.

A partir das 10h10 de sábado, as cerimónias fúnebres terão início e o corpo de Jorge Sampaio será levado para o antigo Museu dos Coches (Picadeiro Real de Belém). O velório público será das 12h às 23h e, antes disso, haverá uma paragem em frente Câmara de Lisboa, para uma homenagem.

No domingo, a cerimónia fúnebre terá início às 11h00, com discursos da família e das três mais altas figuras do Estado Português - primeiro-ministro, presidente da Assembleia da República e Presidente da República.

Hoje Portugal não perdeu apenas um antigo Presidente da República, perdeu um “homem bom”, uma referência da democracia e um defensor de causas sociais e humanas.

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