De acordo com o Observador, em causa está a vacinação de pessoas que não têm contacto direto com idosos, como é o caso dos membros do Conselho Fiscal e do diretor da instituição, que não confirmou quem realmente foi vacinado.

Ao jornal, Carlos Bicheiro, presidente do Conselho Fiscal do lar, diz foi abordado pela direção para tomar a vacina. "Eu não fui vacinado porque não quis. Os meus colegas do Conselho Fiscal também não foram", disse.

José Figueiredo Santos, presidente da direção do Centro de Apoios ao Idoso, explicou por mensagem ao Observador o que está em causa.

"No âmbito do enfrentamento responsável dos surtos nos lares, no universo dos 260 idosos assistidos, aproximadamente, sem casos de covid-19, nós cumprimos o que está estabelecido no Plano de Vacinação e nas orientações da CNIS, ao abrigo dos quais foram vacinados todos os idosos, profissionais, parte dos corpos gerentes essenciais ao funcionamento presencial na instituição (também eles de risco), e que tem contacto direto e ativo com os idosos, com as instalações que os mesmos frequentam e utilizam", disse.

Todavia, não disponibilizou a lista de vacinados, uma vez que em causa está a proteção de dados.

Contudo, a Autoridade Regional de Saúde (ARS) diz desconhecer o caso, embora reconheça a existência de "várias situações deste género", sublinhando que apenas os utentes e os funcionários que interagem diretamente com os idosos integram o grupo prioritário da vacinação.

Por outro lado, a ARS alerta também para uma situação que tem sido recorrente: por vezes, sobram doses que acabam por ser administradas a quem não estava previsto.

"Vamos preparados para vacinar 70 pessoas, mas depois só 67 é que estão disponíveis. Sobram três e não vamos desperdiçar. Pode acontecer situações desse género. Se não forem dadas naquele momento, desperdiçam-se, não se podem transportar de volta para o centro de saúde. O frasco dá para seis doses, mas só administramos uma ou duas por exemplo. Às vezes há um aproveitamento das vacinas que sobram", referiu ao Observador Paulo Morgado, presidente da ARS do Algarve.

Outros casos semelhantes têm sido noticiados, como a situação de alegada vacinação indevida de 126 funcionários da Segurança Social de Setúbal, tendo já o Ministério da Segurança Social aberto um inquérito urgente. Também em Reguengos de Monsaraz o tema veio a público depois de se saber que o autarca tomou a vacina contra a covid-19 sem pertencer aos grupos prioritários.