“Se o PSD chegar a dia 20 de dezembro e não tiver listas em tribunal, podem escrever aí que não será seguramente pela minha responsabilidade. Se depois fizerem asneira, escusam de vir sacudir a água do capote e dizerem que a asneira está lá atrás, nós fizemos tudo direitinho”, afirmou Rui Rio, questionado pelos jornalistas à margem da apresentação de um livro.

Sobre os critérios aprovados pela Comissão Política Nacional (CPN) para a elaboração da lista de deputados, que permitem ao presidente eleito nas diretas indique os cabeças de lista em cada círculo eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro, Rio salientou que a direção quis repetir um método que utilizou há dois anos.

“O que propus é, sabendo que há eleições diretas no dia 27 de novembro, que a indicação desses cabeças de lista não seja pelo presidente que sou eu, mas sim pelo que vier a ser eleito que posso ser eu ou não”, disse, considerando “democrático” que assim seja

“Coisa diferente”, considerou, seria a CPN “fazer de notário e quem for eleito diz qual a lista que quer” e a direção apenas “pôr um carimbo” antes de a enviar para aprovação do Conselho Nacional.

“O partido nunca viveu em ditadura, nasceu em maio de 74, nunca houve um presidente do partido desde Sá Carneiro que escrevesse as listas de deputados de cima abaixo e todos calaram”, afirmou, salientando que “nunca assinou nada de cruz” em toda a sua vida.

Rio recordou que, segundo os estatutos, as listas de deputados começam com propostas das concelhias, depois distritais, depois chegam à CPN, que tem a competência de as submeter à aprovação pelo Conselho Nacional.

“Se assim não for, podemos correr o risco de haver uma impugnação por não cumprimento dos estatutos”, avisou.

Questionado se não deveria ser o presidente eleito a negociar com as distritais e concelhias, Rio respondeu taxativamente que “não”.

“Não. O que os estatutos dizem é que compete à CPN propor ao Conselho Nacional as listas de deputados, é assim há muitos anos, nunca foi uma pessoa só, isso seria em ditadura”, apontou.

Questionado se não teme que essas listas, se feitas sem a colaboração do novo líder caso este seja Paulo Rangel, sejam ‘chumbadas’ em Conselho Nacional, o presidente do PSD disse que tal “depende do bom senso” deste órgão e também “de quem apresenta”.

Rio recordou que o Congresso do PSD - em que serão eleitos os novos órgãos - decorre entre 17 e 19 de dezembro e o prazo limite de entrega das listas de deputados termina no dia seguinte.

“Se não for assim, chegamos ao domingo à tarde e é preciso acionar os mecanismos todos”, afirmou, lembrando que tal passa, além da elaboração e aprovação da proposta, pela inscrição de um novo secretário-geral no TC e da obrigação de este passar procurações a 20 mandatários regionais e distritais.

São candidatos a presidente do PSD nas eleições diretas de 27 de novembro o atual líder Rui Rio e o eurodeputado Paulo Rangel, tendo também anunciado a intenção de apresentar uma candidatura o ex-candidato autárquico do partido a Alenquer, Nuno Miguel Henriques.