“Já se tentou todas as outras formas de governação, da esquerda à direita, aliás, da extrema-esquerda à extrema-direita, e nenhuma delas acrescentou, de facto, valor ao país”, afirmou Inês de Sousa Real durante uma visita a Santarém, em que foi acompanhada pela cabeça de lista do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) à Câmara e à Assembleia Municipal de Santarém, Rita Lopes, nas eleições do próximo domingo.
A comitiva esteve hoje, logo pela manhã, junto à praça de touros Celestino Graça, onde fez um minuto de silêncio “pelos animais torturados na arena”, sob o olhar de três adeptos das touradas, um dos quais exibia uma ‘t-shirt’ branca com as inscrições “forcado amador com orgulho” e, nas costas, “tauromaquia também é cultura”.
Inês de Sousa Real distinguiu a presença discreta de hoje do episódio “lamentável” ocorrido segunda-feira no Montijo, onde, disse, a comitiva foi alvo de “ameaças e tentativa de coação e de intimidação”, sublinhando que estas reações acontecem apenas nestas localidades.
“Temos a plena certeza que, nos dias que correm, torturar um animal, provocar sofrimento numa arena, e tentar elevar isso a cultura não faz parte dos valores humanitários que a nossa sociedade deve defender”, disse.
Para a líder do PAN, a defesa da “abolição da tauromaquia” deve ser acompanhada de uma “reconversão profissional” para quem vive desta atividade e de uma forma de perpetuar os trajes e as coreografias, sem implicar sofrimento animal.
Para as autárquicas, Inês de Sousa Real defendeu a importância de assembleias municipais fortes, que funcionem como “mecanismos de garantia da transparência do combate à corrupção e de investimento em prol das populações”, salientando que o poder local “vai ser chamado” a implementar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o qual terá um “impacto muito significativo junto das populações”.
Para a dirigente do PAN, é “lamentável” a tentativa da direita “não só de cortar a presença dos partidos mais pequenos da oposição dentro do hemiciclo da Assembleia da República”, mas também da representação nos órgãos do poder local, como defendeu o líder do Chega.
“São medidas populistas nas quais nós não nos revemos”, afirmou, lamentando que as declarações de vontade de colaborar que surgiram durante a pandemia da covid-19, com o aproximar das eleições, tenham sido esquecidas, para se apresentarem soluções “que visam apenas garantir o mercado eleitoral” e não resolver “os problemas sociais gravíssimos” que o país enfrenta.
Inês de Sousa Real visitou ainda o mercado diário de Santarém, a funcionar provisoriamente há dois anos no edifício da Casa do Campino, ouvindo as poucas vendedoras queixarem-se da forma como foram retiradas do local onde estavam, nalguns casos há 40 anos, e de terem de concorrer para conseguir uma banca quando o edifício for reaberto após as obras de requalificação, como lhes tem sido comunicado pelo executivo liderado pelo PSD.
A comitiva do PAN foi lembrando que a produção local é uma das apostas do partido e que, se conseguirem eleger a sua candidata, a defesa do mercado não será esquecida na Assembleia Municipal.
Inês Sousa Real referiu, ainda, as dificuldades sentidas em Santarém pela comunidade LGBT, bem como o “problema gravíssimo com os efluentes pecuários, que põem em causa a qualidade de vida da população”, assunto que leva também na agenda da visita a Leiria, para onde seguiu.
A porta-voz do PAN disse acreditar que o partido vai, pelo menos, conseguir entrar nos executivos municipais de Cascais e de Aveiro, onde concorre coligado, apostando ainda na eleição de vereadores em Lisboa, no Porto, em Almada, em Braga ou em Faro.
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