Contactada pela agência Lusa, a IP disse prever “que a reabertura da linha à exploração (com catenária em funcionamento) ocorra até final do primeiro semestre de 2024”.
Em maio, no final de uma visita a um troço da obra entre Mangualde e Celorico da Beira, o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, garantiu que estava a ser feito “um esforço imenso” para que a linha reabrisse no próximo domingo.
A IP negou que o não cumprimento desta data seja um “novo atraso”, argumentando que o que se verifica é “uma continuidade dos constrangimentos, nomeadamente a falta de capacidade do mercado da construção (subempreiteiros, materiais, equipamentos e mão de obra) resultante da atual conjuntura mundial, bem como do período de forte investimento que o país atravessa”.
“A este complexo cenário juntou-se o furto generalizado de catenária (fio de contacto e ‘feeder’ em cobre)”, acrescentou.
A IP assegurou que manterá os apoios financeiros aos operadores de mercadorias e de passageiros e a CP (Comboios de Portugal) o serviço de transbordo, “tendo em vista a minimização dos impactos”.
No passado dia 26, foi publicado em Diário da República um concurso público internacional no valor de 3,35 milhões de euros para a prestação de serviços de transporte rodoviário de substituição na Linha da Beira Alta.
O concurso, lançado pela CP, visa a “prestação de serviços de transporte rodoviário de substituição nos troços Coimbra/Guarda/Coimbra, Mangualde/Coimbra/Mangualde e Guarda/Vilar Formoso/Guarda, por interrupção da circulação ferroviária, em virtude da modernização da Linha da Beira Alta”.
O procedimento tem um prazo de execução de oito meses, após a adjudicação que, de acordo com os prazos do concurso, só deverá ocorrer no final do ano.
Em abril de 2022, quando a Linha da Beira Alta foi cortada, a IP estimou que assim se mantivesse por um período de nove meses (até janeiro deste ano).
A necessidade de encerramento integral da linha foi na altura justificada pelas “características técnicas específicas dos trabalhos a realizar em diversos locais ao longo do troço”.
O não-cumprimento de mais uma das datas apontadas pela IP tem motivado críticas de autarquias.
No final de setembro, a Câmara Municipal de Nelas aprovou, por unanimidade, uma moção em que manifestava preocupação com os atrasos, devido ao “forte impacto” na economia local e na mobilidade dos cidadãos.
Na mesma altura, a Assembleia Municipal da Guarda aprovou, também por unanimidade, um voto de protesto contra o atraso da reabertura da Linha da Beira Alta e reclamou medidas imediatas para acelerar o processo de conclusão das obras.
Na quinta-feira, o presidente da Câmara Municipal de Viseu e da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões, Fernando Ruas, considerou que os adiamentos nas obras começam a ser “a normalidade”.
“Começamos a ficar habituados. Todos os prazos que são indicados, por uma razão ou por outra, são sempre adiados”, criticou.
A IP referiu à Lusa que não se prevê um aumento do custo da obra, que representa um investimento de 600 milhões de euros, integrado no programa Ferrovia 2020.
“De qualquer forma, o apuramento das verbas totais envolvidas no presente investimento (em vários contratos de empreitadas, prestações de serviços e de aquisição de materiais) só será efetuado no final”, acrescentou.
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