A criação deste memorial, “com o objetivo de homenagear as vítimas e celebrar a abolição da escravatura e do tráfico de pessoas escravizadas”, foi um dos projetos vencedores do Orçamento Participativo de Lisboa de 2017/2018, dá conta a proposta discutida em reunião pública do executivo.
Apesar de o proponente ter proposto outro local para a edificação do Memorial da Escravatura, o município considera que a zona do atual Campo das Cebolas tem uma “enorme carga simbólica”, devido “à ligação desta zona da cidade ao tráfico de pessoas escravizadas, onde decorria o mercado de escravos a funcionar nos séculos XVI e XVII”.
De acordo com a proposta, assinada pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto (PS), o projeto foi dotado inicialmente de uma verba de 100 mil euros. No entanto, “face à dimensão e importância da temática”, a câmara entende que a verba deve ser aumentada para 184.500 euros.
“A inexistência, em Lisboa, de qualquer monumento ou equipamento que evoque especificamente a relação histórica de Portugal com a escravatura e o tráfico de pessoas escravizadas é uma carência da cidade que deverá ser reparada. Pretende-se que recorra a uma linguagem artística contemporânea, conceptual e simbólica capaz de assegurar uma presença urbana e de representar a escravatura de uma forma ampla, incluindo as dimensões da memória, da resistência e dos legados e continuidades históricas, estabelecendo a ligação entre passado e presente, dotada de uma natureza interativa e participativa, que interpele e convoque à reunião, à espiritualidade, ao luto, mas também à celebração”, lê-se na proposta.
Numa segunda fase, acrescenta o documento, “considera-se absolutamente indispensável a criação de um centro interpretativo do memorial, para uma contextualização histórica mais aprofundada e para a realização de eventos ligados” a esta temática.
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