“Há uma ótica comum da necessidade de uma união à esquerda mas há igualmente a consciência de que esta união à esquerda dependerá necessariamente das óticas, da legislação e das medidas mais à esquerda do Partido Socialista”, disse aos jornalistas a deputada eleita Joacine Katar Moreira no final de uma reunião com o BE, que decorreu na Assembleia da República.
Concretizando, a parlamentar salientou que, “se o Partido Socialista tiver uma governação à esquerda, se tiver uma governação que respeite os direitos laborais, se tiver uma governação orientada para a redução das assimetrias económicas, sociais e por aí fora, obviamente que irá igualmente ter um suporte parlamentar de ambos”.
“O BE é um dos nossos parceiros fundamentais porque há muito mais do que nos une, do que necessariamente aquilo que nos separa”, como o aumento do salário mínimo nacional, o combate às desigualdades, maior investimento no Serviço Nacional de Saúde e nas energias renováveis ou a recolha de dados étnico-raciais, sublinhou a deputada do Livre.
De acordo com Joacine, estes encontros pedidos pelo Livre a alguns partidos estão enquadrados no objetivo de “reforçar sucessivamente que esta legislatura seja uma legislatura verdadeiramente à esquerda e que, igualmente, seja uma legislatura na qual as questões da justiça social e da justiça ambiental sejam completamente salvaguardadas”.
Pelo Bloco de Esquerda, a coordenadora do partido, Catarina Martins, assinalou que existem “convergências com o Livre sobre a necessidade de uma lei laboral mais forte, que proteja quem vive do seu trabalho, sobre a necessidade de ter um Serviço Nacional de Saúde também mais forte, sobre as questões dos serviços públicos, da escola pública”.
“Esperamos poder trabalhar em todas essas matérias durante os próximos tempos”, declarou a líder do BE, ressalvando, porém, que este encontro entre os dois partidos “foi apenas uma reunião preliminar de trabalho” e que não estão agendadas futuras reuniões.
Ainda assim, o Bloco admite que as duas forças políticas poderão “conversar ao longo da legislatura” porque ” não teria sentido se fosse de outra maneira”.
“Todas as convergências que forem possíveis criar em nome do trabalho, em nome dos serviços públicos, do Estado social são importantes, e nós estamos aqui com uma expectativa que seja possível trabalhar nesses dossiês em que, aliás, os nossos programas têm proximidade”, concretizou.
Na semana passada o Livre anunciou que iria pedir reuniões com BE, PCP, PEV e PAN para discutir “possíveis convergências”.
O encontro aconteceu na Assembleia da República, e contou com a presença da coordenadora nacional do BE, Catarina Martins, do líder do grupo parlamentar, Pedro Filipe Soares, e da deputada recém-eleita Beatriz Dias.
Já pelo Livre, esteve presente a deputada eleita Joacine Katar Moreira, o seu assessor parlamentar, Rafael Martins, e os membros do Grupo de Contacto do partido Isabel Mendes Lopes e Pedro Mendonça.
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