Antes da abertura da sessão de hoje, dedicada ao debate quinzenal com o primeiro-ministro, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, destacou a cordialidade de Montenegro e desejou-lhe os maiores sucessos a “nível pessoal, profissional e político”.

“É muito jovem, sei que vai continuar a intervir no espaço público e isso só enriquece [o debate]”, afirmou Ferro Rodrigues, que destacou as relações entre os dois: “Além de adversários leais, ficámos bons amigos.”

Na ronda de intervenções, apenas falou o próprio Luís Montenegro, a agradecer as palavras de ferro e a fazer um aviso para os perigos do populismo, e o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães. Fernando Negrão, líder parlamentar do PSD, apenas falou sobre Montenegro na abertura do debate quinzenal.

O deputado centrista desmentiu a “frase feita” de que, na política, não se fazem amigos.

“É mentira. E esses amigos podem ser de partidos diferentes”, disse Nuno Magalhães.

No seu discurso, após 16 anos de mandato em São Bento, o antigo líder da bancada social-democrata disse acreditar que não deixou qualquer inimizade nas restantes bancadas, pediu aos deputados que “continuassem a dignificar” o trabalho parlamentar e deixou um aviso quanto aos riscos do populismo.

“O populismo é o pai da mediocridade e a mediocridade é a mãe da pobreza. O que desejo é que o parlamento procure a excelência e encontre a criação da riqueza”, disse.

“Foi uma honra muito grande, um orgulho, um privilégio servir o país e o partido estas funções”, disse ainda.

Na hora dos aplausos, as bancadas do PSD e do CDS aplaudiram de pé, ouviram algumas palmas no grupo parlamentar do PS. Os deputados do PCP, BE e PEV ficaram sentados, sem aplaudir.

Antes de começar a sessão, Luís Montenegro foi às bancadas da esquerda para se despedir, entre sorrisos, de Jerónimo de Sousa, João Oliveira, António Filipe, do PCP, mas também de Heloísa Apolónia, dos Verdes, e, mais tarde, de Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS. Com Carlos César, líder parlamentar do PS, ausente, o abraço de Montenegro foi para Filipe Neto Brandão, “vice” da bancada socialista.

Luís Montenegro anunciou que renunciava ao mandato a partir de abril no congresso nacional do PSD, em fevereiro, em Lisboa, durante o qual assumiu críticas diretas a Rio e admitiu um dia vir a candidatar-se à liderança.

[Notícia atualizada às 16h13]