Um juiz de Viseu vai ser julgado por três crimes de violência doméstica, devido a agressões, físicas e verbais, contra a mulher e os dois filhos, que se prolongaram durante mais de vinte anos.

De acordo com o Observador, na acusação apresentada pelo Ministério Público (MP) é descrito que as agressões começaram com insultos à aparência física da mulher, o que levou ao primeiro incidente de violência física depois do nascimento do primeiro filho.

Se é vítima de violência doméstica ou conhece alguém que seja, as seguintes linhas de apoio podem ajudar

APAV | Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

tel. 116 006 (telefonema gratuito, das 08h00 às 2h00)

Guarda Nacional Republicana (GNR)

A Plataforma SMS Segurança foi desenvolvida para dar resposta quer a pessoas surdas ou portadoras de deficiência auditiva como para situações de urgência em que o tradicional canal de voz não seja o mais adequado:  tel. 961 010 200

Centro de Saúde ou Hospital da zona de Residência (Portal da Saúde)

SNS 24 (808 24 24 24), disponível todos os dias, 24 horas por dia

Número Nacional de Socorro (112)

Linha Nacional de Emergência Social (tel. 144, disponível todos os dias, 24 horas por dia)

Linha da Segurança Social (tel. 300 502 502)

Na época, o homem, agora com 51 anos, agarrou a mulher, que tinha o filho ao colo, pelo pescoço e atirou-a contra um armário.

Já em 2010, proibiu-a de sair de casa durante umas férias de família e, em 2021, obrigou-a a transferir o seu salário para uma conta bancária, da qual o homem era o único titular.

A acusação reúne ainda outros momentos em que o agressor deixava a mulher quase inconsciente, cortando-lhe a respiração enquanto proferia repetidas ameaças de morte.

Aliás, a mulher terá até sido agredida no seu gabinete no Palácio da Justiça de Viseu, onde ambos trabalham atualmente.

Com vergonha, a vítima nunca procurou assistência hospitalar para tratar os ferimentos causados pelas agressões físicas, mas chegou a consultar um médico devido a sintomas de depressão e a confidenciar as nódoas negras que tinha no corpo a uma colega.

"Os dois filhos eram alvos de estalos, pontapés e abusos verbais", esclarece a publicação baseando-se na acusação, que afirma ainda que o comportamento do agressor afetou o desenvolvimento da personalidade dos menores.

Após oito anos de namoro, casaram em 2000 e a mulher pediu o divórcio em 2021.

Já em 2022, o homem entrou no gabinete da ex-mulher no Palácio da Justiça. Contudo, não chegou a tocar-lhe, já que uma funcionária judicial entrou logo a seguir e a mulher atirou-lhe um “livro volumoso”.

O Conselho Superior de Magistratura (CSM) abriu um processo disciplinar contra o juiz, que trabalha na área cível, mas este nunca foi impedido de exercer.

A pedido das três vítimas, o processo chegou a ser suspenso com a condição de o homem não as contactar e frequentar um curso para agressores. No entanto, o juiz continuou a enviar e-mails e mensagens de WhatsApp aos filhos e à ex-mulher.

O julgamento ainda não está agendado, uma vez que o agressor tentou afastar a juíza responsável pelo caso no Tribunal da Relação de Coimbra, acusando-a de parcialidade, e apresentou um recurso no Tribunal Constitucional, diz o Observador.