As mortes foram contabilizadas pela organização não-governamental (ONG) 'Onda Limpa para Gerações Futuras', que alertou para o número atípico de animais encontrados sem vida entre as Praias de Itapuama e Gaibu, no estado brasileiro de Pernambuco.
De acordo com o biólogo Felipe Brayner, membro da ONG, 88% das mortes registadas naquela área foram causadas pela asfixia dos animais ao ingerir plásticos deitados ao mar.
"O alimento preferido das tartarugas são águas-vivas (alforrecas). O plástico simula o mesmo movimento dentro do mar e acaba por confundir esses animais", afirmou o biólogo, citado pelo G1.
O especialista, que faz a monitorização voluntária dessas tartarugas, frisou, no entanto, que o número de espécies mortas pode ser superior ao registado.
"Não tenho o controlo de todos os animais. Com certeza, esse número é muito mais alto. Eu dependo de um triciclo e outros objetos para cobrir todo o município do Cabo de Santo Agostinho, fica quase impossível", acrescentou Felipe Brayner acerca das suas limitações.
O biólogo explicou que as tartarugas marinhas verdes são uma das espécies mais vulneráveis devido ao facto de circularem pela zona costeira, fazendo com que sejam mais atingidas pelo comportamento humano.
"As pessoas precisam de aprender a viver sem tomar o espaço dos animais", concluiu Brayner.
O estudo “Solucionar a Poluição Plástica: Transparência e Responsabilização”, levado a cabo pela ONG 'WWF - World Wide Fund for Nature' (Fundo Mundial para a Natureza na tradução para português), revelou, em março deste ano, que o Brasil é o 4.º país do mundo que mais produz lixo plástico.
Segundo a WWF, o Brasil produziu 11,3 milhões de toneladas de lixo plástico, ficando atrás apenas dos Estados Unidos da América, China e Índia.
O volume de plástico que vai parar aos oceanos todos os anos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, o que equivale a 23 mil aviões Boeing 747 a aterrarem nos mares e oceanos todos os anos – são mais de 60 por dia, comparou a organização não-governamental.
Neste ritmo, até 2030, encontraremos o equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar por cada km2, revela o estudo conduzido pelo WWF.
"A poluição marinha é um problema transfronteiriço que todos os países compartilham. Objetos plásticos viajam nas correntes oceânicas, colocando em risco ecossistemas e a vida selvagem. Sem mudanças sistemáticas urgentes na forma como o plástico é produzido, consumido e eliminado, a poluição do plástico deverá dobrar até 2030", declarou a ONG na sua página da internet.
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