Em resposta a questões da comunicação social, no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa disse compreender que "quem está no terreno de batalha queira medidas constantes com eficácia permanente", mas realçou que o processo de "estudo e aplicação de medidas" leva o seu tempo, "e essas medidas vão-se sucedendo".
O chefe de Estado referiu que "há medidas que não tiveram ainda o acordo dos 27 países da União Europeia", como a imposição de sanções à Rússia no setor energético: "Essas não tiveram, no todo ou em parte ou nalguns pormenores, acordo".
Segundo o Presidente da República, "é preciso ir trabalhando o acordo, para não haver divisões, por isso é que o trabalho é contínuo", com reuniões constantes da Comissão Europeia, dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia e dos representantes dos Estados-membros, "para ir encontrando soluções e convergências, que às vezes não são fáceis de encontrar".
"No caso da energia, e noutros casos, é preciso mais tempo e mais ponderação. Por isso, é evidente que é uma situação que está a ser vivida hora a hora, minuto a minuto", acrescentou.
Interrogado sobre as declarações do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, de que as ameaças da Rússia não amedrontam nem intimidam Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "a posição da União Europeia, e Portugal alinha nessa posição, é de que o que é preciso ser feito é feito".
"Mal vai se, quando há uma questão de princípio e de convicções, e é preciso tomar certas medidas, se começa a duvidar, por causa dos problemas, por causa das reações que essas medidas suscitam. Portanto, a União Europeia, e bem, tem seguido o seu caminho sem estar a reagir ou a dar importância às reações relativamente àquilo que faz que a inibam de fazer isso. Se tem de fazer, tem de fazer", reforçou.
Questionado sobre que posição poderá sair da reunião do Conselho de Estado que convocou para 14 de março exclusivamente sobre a situação na Ucrânia, o Presidente da República respondeu que "para já, o importante é que se faça uma avaliação".
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que antes haverá uma reunião do Conselho Europeu, "que vai fazer um ponto daquilo que foi este processo muito rápido, mas com mudanças contínuas", desde 24 de fevereiro, "portanto, já tem uma visão global, estratégica, política, diplomática, económica e social que é mais rica, mais completa do que teria há oito dias ou há dez dias".
A Federação Russa lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com invasão por forças terrestres e bombardeamentos que, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender e durará o tempo necessário.
Na quarta-feira, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que condena a agressão russa contra a Ucrânia e apela a um cessar-fogo efetivo e imediato, com mais de dois terços dos votos necessários: 141 votos a favor, 5 votos contra e 35 abstenções.
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